A MULHER DE VERMELHO
A MULHER DE VERMELHO
1930. Um quarto num sótão, com uma água-furtada. Paredes forradas de madeira clara. Em frente à janela, uma prateleira com pequenos vasos e frascos com flores.
Lá fora já é dia e uma neblina rala umedece o ar. Do ponto onde estamos, não podemos ver o que quer que seja da paisagem.
Mas o mesmo não acontece com a jovem mulher num vestido de algodão vermelho, decote redondo e mangas compridas. Seu corpo está em três-quartos, mas apresenta-nos o rosto em total perfil.
Em pé, ela olha através dos vidros fechados da janela. Estática, dá a impressão de ter passado toda a noite ali. Os cabelos fulvos, fartos e macios, penteados devagar e longamente, agora estão presos num coque frouxo.
A luz fraca da manhã que entra pela janela ilumina seu rosto e colo. Apoia o braço direito na prateleira em frente à janela, deixando pender a mão de dedos compridos e afilados. Sua face tão bonita está carregada de tristeza. Nos olhos de um azul intenso, uma lágrima antiga começa a brotar. O nariz avermelhado e os cantos da boca, quase imperceptívelmente puxados para baixo, transmitem um mudo desespêro e uma enorme resignação.
Em que pensa a mulher de vermelho? Porque chora? E o que vê lá fora, ou o que não vê?
4 Comments:
nice é so um teste, pra ver se ta tudo funcionando, estou comentando como anonimo
Um palpite
Acho que a mulher de vermelho estava chorando por saber que o dentista confirmou sua consulta para as 4 horas da tarde.
(Risos, risos, gargalhadas). Isto é um teste. Sempre pergunto às pessoas o que estará por trás daqueles vidros, o que ela vê? E cada um responde diferente. Nunca, ninguém conseguiu ver a verdade...
Chora por esperar alguém que não voltou!
Essa do dentista é muito boa! Eu que o diga!
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