A Historia da Princesa da Ervilha

Era uma vez...

Ha’ muito, muito tempo, num reino distante, onde a paisagem era belissima, onde os tons de verde rivalizavam com as cores exuberantes das flores, onde o sabor das frutas era de uma docura incomparavel e a felicidade invadia todos os lares, apenas a Rainha estava triste e preocupada.
Seu unico filho, o Principe herdeiro estava na idade de se casar, mas o amor ainda nao aprisionara seu coracao. Era belo, forte, corajoso, manejava a espada como ninguem. E o Rei, seu pai, comecava a sentir os primeiros sinais da velhice.
De tanto pensar, a Rainha arquitetou um plano: convidou, uma por uma, cada princesa dos reinos vizinhos para ser hospedada no castelo e assim conhecer seu filho e, quem sabe, ser a futura noiva. E para verificar se a moca era suficientemente sensivel e delicada, ordenou que as camareiras, no grande e suntuoso quarto reservado `as princesas, empilhassem 13 colchoes macios sobre o enorme leito e em baixo de todos a Rainha colocava uma tenra ervilha.
No dia seguinte, no cafe’ da manha, a Rainha perguntava a cada princesa:
Dormiu bem, querida?
Muito bem, obrigada, Majestade!
Os colchoes sao confortaveis?
Excelentes, obrigada, Majestade!
A Rainha entao suspirava... Mordia delicadamente os reais labios, franzia imperceptivelmente as reais sobrancelhas, cumprimentava e retirava-se majestosamente. No mesmo dia a pobre candidata era rejeitada. O tempo foi passando e a rainha cada vez mais triste.

Pore’m, numa noite de terrivel tempestade, uma carruagem atolou proxima ao castelo e uma moca de cabelos molhados e com as roupas enxarcadas e enlameadas pediu pousada por uma noite. Os trovoes abafavam sua voz e os relampagos iluminavam seu rostinho muito branco. Pediram que esperasse la’ mesmo na chuva enquanto a Rainha era consultada para autorizar sua entrada.
Alguns minutos se passaram e ela foi admitida. Conduziram-na ate’ o grande quarto dos 13 colchoes. As camareiras prepararam-lhe um banho quente e relaxante e depois secaram e pentearam seus longos e sedosos cabelos. Entao entrou a Rainha que admirou a beleza da moca e disfarcadamente colocou a ervilhazinha fresca debaixo dos colchoes. Desejou-lhe uma boa noite e retirou-se majestosamente.

No dia seguinte, no cafe’ da manha, ela dirigiu `a moca a pergunta de sempre:
Dormiu bem, querida?
Oh, Majestade, sinto muito dizer que nao consegui dormir nem um segundo, pois havia uma pedrinha debaixo dos colchoes e minhas costas estao doendo muito...

Nao e’ preciso dizer (mas eu digo...) que essa casou-se com o Principe.

Entao, quando alguem e' muito sensivel, la' em casa dizemos que e' a Princesinha da Ervilha.

Mas a coitadinha da Rebecca tem razao de estar tao sensibilizada, pois foi muito espetada por agulhas nos pezinhos e nas maozinhas.