terça-feira, setembro 19, 2006

As Aventuras de Robson

Robson é uma criatura energética como um puro-sangue árabe, ao mesmo tempo que transmite aquela calma e confiança de quem sabe exatamente o que está fazendo.
Mineiro de Sete Lagoas, há uns 12 anos, apaixonou-se completa e irremediavelmente por Jane, bela morena da mesma cidade, com quem se casou.
Conta ele que por essa época trabalhava para uma grande empresa como piloto e mecânico de aviões. Mas quando chegava o fim do mês, as contas eram maiores do que os ganhos e as dívidas começaram a crescer.
Decidido a melhorar suas finanças, chegou a pensar em aceitar uma oferta muitíssimo bem remunerada dessa mesma empresa, para ir exercer as mesmas funções no Mar do Norte. Antes de ir, porém, os companheiros de trabalho o alertaram para as condições de extrema dificuldade, por causa da temperatura em até 40º negativos e que os mecânicos de avião manuseiando ferramentas de precisão, acabam sendo obrigados a trabalhar sem as grossas luvas, resultando em rápido congelamento dos dedos, gangrena e amputação. Por esse motivo o salário é tão atraente...
Robson julgou seus dedos ágeis e competentes um preço muito alto apagar, "Afinal, eu vivo das minhas mãos", observou. Desistiu dessa, mas não se acomodou. O imenso desejo de proporcionar à Jane e a si mesmo uma vida melhor, forjou uma vontade de aço. Resolveu partir para Nova York, deixando Jane foi para a casa da mãe para esperar por ele.
Deixando no Brasil somente dívidas , aceitou sem pestanejar, um trabalho que outros brasileiros lhe indicaram, de cozinheiro em pequenos restaurantes. As altas temperaturas nas cozinhas minúsculas enxarcavam-no de seu próprio suor, mas assim mesmo ele saía do emprego noturno direto para o diurno, sem tempo para um banho ou para dormir. Desses primeiros empregos ele saiu para ser barman em um restaurante melhor, seu salário aumentou e ele começou a poder dormir um pouco.
Daí em diante, Robson foi galgando posições cada vez melhores, até ser descoberto por um dos donos do Metrazur, restaurante francês na Grand Station. Já falando um inglês razoável, mais sua atitude positiva e, principalmente, sua habilidade de faz-tudo, conquistaram inteiramente seu patrão, que se tornou seu amigo. Pois naquele país, ninguém faz mais do que aquilo para o que foi preparado.
Robson tornou-se ainda construtor, pintor, marceneiro, eletricista e até decorador da rede de restaurantes de seu chefe e depois, também dos amigos deste.
Tendo seu trabalho reconhecido, tem recebido dinheiro bastante para comprar e mobiliar, em Sete Lagoas, um ótimo apartamento de quatro dormitórios, enviando por navio, containers cheios dos mais modernos tipos de material de construção de que se tem notícia e eletrodomésticos da mais avançada tecnologia. Comprou também uma granja que já está em plena produção. Jane foi ficar com ele até poderem voltar para o Brasil definitivamente, o que ocorreu no final de setembro de 2004.
Nós o conhecemos em Nova York, no dia da viagem deles de volta, através de nossa filha Chris, que mora hoje no apartamento que ele alugava.
Robson deliciou-nos o dia todo com histórias de sua conquista da dura cidade de Nova York, que irei contando aqui.

5 Comments:

At 21/9/06 7:10 PM, Anonymous Anônimo said...

Nossa, estou maravilhada. São lições que temos de levar para a vida inteira.
Lições de garra, persistência e perseverança. Lições de honestidade e sucesso.
Que sempre serão lembradas com orgulho.

 
At 21/9/06 10:45 PM, Anonymous Anônimo said...

Como não poderia deixar de observar, acreditando que uma vida é apenas uma rápida passagem, perguntou ao Robson se ele também se realizou como pessoa humana que aqui está não apenas para vencer profissional e materialmente falando? Se ele disser que sim, fico muito feliz e socegada!
Tenho visto inúmeras pessoas com "tudo" e sem nada, o que é lamentável.

 
At 21/9/06 10:54 PM, Blogger marianicebarth said...

Querida irmãcaçula, você vai ver nos próximos capítulos o quanto o Robson vale. Ele é tudo o que eu disse e ainda por cima é bom e gosta de ajudar as pessoas, principalmente brasileiros que vivem lá em NY.

 
At 22/9/06 2:09 AM, Blogger Alessandra Barth said...

oi mamae, vc realmente sabe como contar uma historia, e a do Robson e' bem merecida! BJS da Ale

 
At 23/9/06 2:21 PM, Blogger marianicebarth said...

Tá'í minha filha Alessandra, que o conheceu pessoalmente e que não me deixaria mentir!
primacaçula, Robson é o mais generoso dos "brasileiros em NY" que todos os que lá vivem e o conheceram enquanto morou lá. Recebia-os em sua casa, arrumava empregos, ajudava o quanto podia e às vezes, até quando não podia... Todos os que conheci falam isso dele... Eu apenas conto a história...
E quanto à Alê, entrem no blog dela http://bebedaale.blogspot.com

 

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