sexta-feira, maio 11, 2007

Livros


















Um livro indica outro.

Em uma cena, Elizabeth Kostova, na pessoa da personagem principal, sem nome, cita Henry James como um dos escritores amados pelo seu erudito pai.
O livro se passa no presente e no passado.
Em outra cena, no capítulo 39, Paul, o pai da jovem, quando fazia um doutorado, diz literalmente:
  1. "Desde que a conheci - encontrei-a somente três vezes, sendo que a segunda e a terceira foram breves - pensei com freqüência na tia de Helen, Éva. Há pessoas que permanecem na nossa memória com muito mais clareza depois de um rápido relacionamento do que outras que vemos todos os dias durante um período prolongado. A tia Éva era certamente uma dessas pessoas vívidas, alguém que minha memória e imaginação conspiraram para preservar com cores fortes por vinte anos. Usei muito a imagem da tia Éva para imaginar a aparência de personagens de livros ou de figuras históricas; por exemplo, ela se encaixou automaticamente quando dei com a ardilosa e bem-apessoada Madame Merle, do Retrato de uma Dama de Henry James.
"Na realidade, tia Éva incorporou tantas mulheres admiráveis, superiores, sutis em meus devaneios que é um pouco difícil para mim voltar à sua figura verdadeira, a que conheci em uma noite em Budapeste no princípio do verão de 1954." 

















Foi o que me bastou para procurar esse segundo livro , O Retrato de uma Senhora.
O que penso de um livro bom é o que sinto, quando, ao encontrar uma imagem de palavras tão significativa, sou transportada a uma emoção imensa e a uma altura embriagadora.
E isso aconteceu neste livro, de Henry James.
Logo nas primeiras páginas, encontro uma frase mágica:

"Lilian desposara um advogado nava-iorquino, rapaz de voz contundente e entusiasmado pela profissão; não fora um grande casamento, assim como não o fora o de Edith, mas Lilian era considerada uma moça de sorte por ter conseguido casar - pois era bem menos bonita que as irmãs. Era, entretanto muito feliz, e agora, como mãe de dois garotos ditatoriais dona de uma casa de pedras pardas entalada à força na rua 53, ...

Achei deliciosa demais essa imagem, essa manipulação de palavras, pois, o que é a literatura senão uma sábia organização pessoal de palavras, assim como a música o é de sons, a pintura é de traços e cores e a escultura o é de volumes?
E isso foi só para começar. Henry James dá um verdadeiro show de como escrever um romance e, muitas vezes, fechei o livro marcando as páginas com um dedo, para voar... voar nas asas libertadoras de uma águia imensa e dourada que me transportava divinizada, ao infinito do infinito do infinito...

6 Comments:

At 13/5/07 6:43 PM, Anonymous Anônimo said...

Que revelação! Cada vez mais vejo que nada conheço da Nice. Já pressentia sua veia literária, mas não sabia que é tão profunda. "para voar nas asas libertadoras de uma imensa águia dourada que me transportava DIVINIZADA, ao infinito do infinito do infinito..." Pô, agora só me resta encontrar este livro do Henry James.
Apareça mais, Nice, seus blogs são provocantes e reveladores.

 
At 14/5/07 7:11 PM, Anonymous Anônimo said...

CADA UM É CADA UM - Para com isso Timtim, larga o livro para lá que você é você, eu sou eu e a Nice é a Nice. Nós não vamos sentir nada do que ela sente, do mesmo modo que ela não vai sentir o que eu ou você sentimos.
Que a Prima escreveu bonito não resta dúvida, talvez as palavras dela sejam até mais bonitas e românticas que as do livro.
falou o Zecão

 
At 14/5/07 8:24 PM, Blogger Antônio said...

Nos debates entre irmãos nem o Mesmeu tem coragem de por as mãos.

 
At 15/5/07 3:38 PM, Blogger caos e ordem said...

Estou participando à blogueira e seus leitores que estou com texto novo em segredos-do-zequinha.blogspot.com
falou o zecão

 
At 15/5/07 8:16 PM, Blogger marianicebarth said...

Não brigue com o Timtim, Zecão... Eu gosto dele... É uma pessoa extraordinariamente sensível. Acho que não conheço ninguém com a delicadeza dele. E quem diz que as pessoas não podem sentir o que outra sente? Sentimentos não são privilégio de ninguém. Deixa ele ler o livro se quiser!... E obrigada pelo aviso do novo texto. Adoro o que você escreve!

 
At 15/5/07 9:54 PM, Anonymous Anônimo said...

Aqui em Minas, sem muita delicadeza, num caso como este a gente diz: "Tomô, nego"! É o que eu posso dizer pro Zeca. Por que largar o livro pra lá? Creio que a indicação da Nice tem muito valor. Vamos ler o Henry James.

 

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