quinta-feira, novembro 23, 2006

La Violetera gostava de gatos



E ainda gosta. ainda mais do que de cachorros, talvez por serem mais limpos. O que está no colo foi um gatinho branco e bonito que me fazia companhia nos programas solitários de leituras, aos 12 anos.

Mas a da esquerda foi uma das mais importantes figuras felinas na minha vida adulta. Chamava-se Tijuca, porque o nome verdadeiro (Cherry Brandy) não pegou. Foi adquirida para me fazer companhia na difícil gravidez do Rodrigo (pretexto para tê-la, pois o Nelson não gostava de gatos). Tive de ficar em repouso absoluto até o oitavo mês e a Tijuca veio nos alegrar a vida e deixou para sempre a marca de sua vibrante personalidade. Nesta foto ela estava com apenas 45 dias e já era um filhote fora de série. Até o Nelson se apaixonou. Ela era hiperativa, o que num gato é virtude, pois é sabido que os gatos são preguiçosos por natureza. Mas a Tijuca não era de modo algum inconveniente, nem perturbadora da ordem. Mas isso os gatos não são, exceto quando apaixonados. Ela também passou por isso. Apresentamos a ela no tempo certo, um siamês maravilhoso chamado Dudu. Ele era tão lindo que era mesmo "um gato" (!!!) e seus olhos de safira aprisionaram a alma de Tijuca e ela se derreteu em lancinantes miados e trejeitos dos mais sexy que já vimos. Descobrimos então por que chamam as moças de "gatas"... Dessa paixão, nasceram dois siameses puros, mas infelizmente, não vingaram.

Tijuca deixou este mundo pela vontade poderosa da pastora alemã do caseiro da nossa chácara. Tinha somente dois anos e, muito asseada, numa noite de verão intenso, ao procurar fora de casa por um cantinho de terra, pulou uma janela aberta enquanto dormíamos. Ouvimos um único e agoniado grito, que nos fez voar para fora desesperados. Mas... em vão. Pendurada da boca da cachorra que, acostumada a pegar gatos, pássaros e o que quer que caísse do nosso lado do muro, ao ver nosso horror, baixou as orelhas e depositou-a gentilmente sobre a grama. Ainda tivemos esperança e nos ajoelhamos para cuidar da gatinha. Nada havia a ser feito. Cães sabem como matar gatos rapidamente.

Foi a primeira vez que vi o Nelson desmoronar e chorar inconsolavelmente.

6 Comments:

At 23/11/06 4:31 PM, Blogger marianicebarth said...

Adoro fazer comentário em meu próprio blog. Assim, parece que já foi visitado... As pessoas são tão preguiçosas... Tanta gente me diz que já entrou e saiu sem deixar nada... Como vamos saber? Será que não percebem o quanto é importante para nós blogueiros ver comentário de gente nova? Mas este comentário é para você, Timtim, que é meu comentarista certo como a noite depois do dia: a vida é ótima se soubermos valorizar as coisas certas. E o que são as coisas certas? Tudo que nos leva à nossa ligação com o Infinito, como as flores, o canto dos pássaros o olhar de uma criança. Inúmeros são esses fios de ligação. Não há espaço aqui, nem necessidade. Você sabe tudo, pois é Gente com G maiúsculo. Um abraço fraternal.

 
At 23/11/06 9:25 PM, Blogger Antônio said...

Às vezes nossas percepções e interpretações falham. Tenho certeza que o Nelson chorou de alegria quando morreu esse seu gato.

 
At 23/11/06 11:56 PM, Anonymous Anônimo said...

Que lindos gatos e que bela prima a foto nos mostra! A história é muito triste! Concordo que há comentaristas preguiçosos e às vezes ocupados!
Muito bonito o que escreveu ao TimTim, mas por falar nele, nunca mais me enviou mensagens por e-mail.

 
At 24/11/06 10:08 PM, Blogger Antônio said...

Há coisas na vida que não têm explicação. Tive dois gatos: o Tony e o Bambi. Dois cafagestes. Quando estavam voltando de suas noitadas, que duravam mais que 2 semanas, chegavam mansinhos, magros e bem machucados. Eram uns doces. Depois que a Geny os alimentava com leitinhos, carninhas de frango e restos de peixe, voltavam a seu perfil psicológico padrão. Metidos, senhores do mundo: "Se você não me coçar a orelha, o problema é seu. Quero que você se dane." Falavam isso para mim, seu dono. Daí minha bronca com os gatos.

 
At 24/11/06 10:45 PM, Blogger Antônio said...

Vá ser bonita assim na casa do chapéu!

 
At 25/11/06 2:50 AM, Blogger marianicebarth said...

Querido Shiost, a diferença entre os gatos e o cachorros é exatamente essa: os gatos não dependem nem precisam dos humanos, são auto-suficientes, o que não acontece com os cães. Isso não significa que os gatos não GOSTEM dos seus donos. Só que têm mais amor próprio. E os humanos, não se conformam com isso, pois querem dominar tudo e todos. Sabemos disso. Se não conseguem, matam. Pense nos índios.

 

Postar um comentário

<< Home