Dever versus Prazer
O conceito de Dever é uma chatice. Ou não?
Dever
v. tr.
s. m.
1. Estar obrigado a.
2. Ser necessário.
3. Ter de suceder.
4. Ter dívidas.
5. Ser provável que.
6. Ter a dívida de.
7. Estar reconhecido (a alguém) por.
8. Ato que tem de se executar em virtude de ordem, preceito ou conveniência.
9. Obrigação.
Prazer (ê)
s. m.
v. intr.
1. Sentimento agradável que alguma coisa faz nascer em nós.
2. Deleite, gozo, delícia.
3. Gosto, desejo.
4. Alegria, contentamento.
5. Boa vontade, agrado.
6. !Distração, divertimento.
7. Agradar, aprazer, comprazer.
Mas o conceito de Prazer é uma gostosura... Ou não?
posted by marianicebarth @ 13:45
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O Dever é marrom. O Prazer é cor-de-laranja, entre o Amarelo e o Vermelho (cores da alegria, cores quentes, cores da Vida).
Conversando com minha nora sobre isso:
- Você trabalha há 11 anos como secretária, num colégio para crianças excepcionalmente inteligentes. Levanta-se às 5:40h, toma um rápido banho, um rápido café, pega seu carro (agora, porque já trabalhou muitos anos de ônibus...), trabalha feito louca o dia todo, aturando muita coisa, volta para casa cambaleante de cansaço, jantar e cama! É obrigada, é necessária (e como!), tem de fazer o trabalho que lhe é ordenado por conveniência financeira, tem a obrigação diária de estar lá. cumpre tudo com dedicação, mas isso não exclui o fato da "obrigação"...
Isso é DEVER. Momentos encadeados uns nos outros, formando uma longa corrente de momentos de dever pela vida toda...
Mas nos fins de semana, feriadões ou nas férias, você se levanta à hora em que tem vontade, dá uma boa espreguiçada, toma um banho mais demorado, cantando, toma um café reforçado com tudo o que tem direito, em companhia agradável, ri, sorri, dá boas gargalhadas, experimenta roupas na frente do espelho, vai ao parque, passeia, sempre em boa companhia, enfim, concede-se momentos de felicidade.
Isso é Prazer.
Mas são momentos. Avulsos, soltos, únicos, mais raros, muito mais raros do que os momentos de DEVER... E por isso mesmo mais preciosos.
Definições de dicionário podem ser enganosas. É preciso entrar no "mérito" da questão.
Por exemplo, Sade tinha uns prazeres notórios. Isto certamente não se enquadra naquilo que v. expos. Nem o caso do estuprador que tinha prazer em matar as mulheres que tinha acabado de usar.
Existem uns prazeres "naturais" e sadios. Como por exemplo, degustar um bom prato. Oriundo da satisfação do instinto de comer. Que é um instinto básico de preservação. Que nos foi dado para nossa própria salvaguarda.
É o mesmo para outros instintos básicos. Como do amor que é uma forma de salvaguardar a preservação da espécie.
Estes instintos são sagrados. E o prazer deles derivados funciona como um "incentivo" e uma "recompensa".
A procura da satisfação do instinto é sadia. A procura do prazer em si certamente não é.
Mas...procurar o prazer já não é um ato instintivo, Polemikos?
Fala-se muito em trabalhar por prazer, mas eu não acredito muito nisto. Aposentei-me dando aulas - 30 anos - muita gente achava que eu gostava de ser professor. Era só obrigação, que eu procurava fazer bem feita, mas sem nenhum prazer.
Pode até haver deveres que não são tão massantes, mas prazerosos... sei lá.
É tão claro que não é dos "prazeres" desvirtuados que estou falando! E é óbvio que vocês, meus amigos, entendem!
Alguns deveres podem sim, ser mesclados com prazer. por exemplo, cuidar de um netinho, ir buscar os filhos pequenos na escola e voltar ouvindo as conversinhas deles, as risadas.
Timtim, quando eu dava aulas, houve alguns momentos bem gratificantes, quando os alunos vinham pedir conselhos ou até mesmo uma ajuda em algum problema pessoal.
Não acontecia isso com seus alunos?
Turini, você é tão profundo que às vezes temos de ler seus textos ou comentários mais de uma vez para apreender melhor o sentido.
Você aprova o prazer na satisfação do instinto, mas não a busca do prazer em si. À primeira leitura, não consegui compreender muito bem o que quis dizer. Pareceu-me moralista demais e rejeitei um pouquinho. Mas agora, lendo novamente, vi sutilezas insuspeitadas antes e que dão margem a discussões interessantes...
O Prazer tem de passar pelos cinco sentidos:
- Olhar algo muito belo ou muito querido;
- Ouvir músicas que nos embalem o coração, cantos de pássaros, ou a voz de pessoas amadas;
- Aspirar um perfume agradável;
- Satisfazer o paladar com alimentos saborosos (Uma manga, uma melancia, um cacho de uvas...) ou mitigar a sede com bebidas preferidas (uma pura água de côco, um suco de laranja, um vinho delicioso... hummm...);
- Tocar algo macio e quente como a pele de um bebê, ou a pelagem de um animalzinho.
E é exatamente desse tipo de prazer saudável que estamos falando. (Deixemos prá lá os doentes mentais como o Marquês de Sade, os estupradores, os pedófilos, os assassinos seriais, etc.).
Há bem mais coisas prazerosas que podemos enumerar do que os Deveres que temos de cumprir obrigatóriamente...
E garanto que ainda podemos falar sobre um tipo de prazer ainda maior e mais gratificante, que é ajudar alguém (e esse alguém pode até ser um animal ou uma planta).
E mais: eu colocaria esse último tipo de prazer na cor azul-mediterrâneo.
Aprovei o azul mediterraneo!!!
Timtim, eu entendo você. Trabalhei por obrigação.Por vocação, seria ... vagabundo {rsrs}. Como você, fui um profissional competente e eficiente. Eu era um bom administrador/gerente .... mas não nasci para isto. Adorava quando acabava o expediente ou chegava o fim de semana.
Mas assim mesmo, sentia satisfação em fazer o meu trabalho bem feito. O mesmo com você?
LÁ VOU COM A MINHA LETRA MAIÚSCULA, QUE UTILIZO SEMPRE EM TODO LUGAR.... MINHAS AULAS SÃO DIGITADAS ASSIM,... QUESTIONAR A PRIMA NICE:
VOCÊ NÃO ACHA QUE AJUDAR ALGUÉM, AO INVÉS DE PRAZER É UM DEVER SAGRADO DE TODOS NÓS?
CONCORDO COM O POLEMIKOS QUANTO AO SIGNIFICADO DAS PALAVRAS!
È claro que é um DEVER sagrado de todos nós! Mas que pode nos proporcionar um prazer sublime!
ASSIM.... SE UNE O DEVER AO PRAZER!
Esse é o ponto!
Certamente, Nice, nos meus 30 anos de magistério tive muitas vivências prazerosas, mas eu não diria que eram provenientes do fato de ser professor e sim de saber conviver bem com os alunos (maioria alunas, pois era uma Faculdade de Pedagogia).
Espero que com o Turini tenha acontecido o mesmo que aconteceu comigo: por me esforçar para ser um bom professor - mesmo não gostando da profissão - até hoje, dez anos depois de aposentado, ainda colho os frutos, ouvindo elogios e agradecimentos de ex-alunos. Sempre fui admirador da máxima: "A alegria do mestre é ser superado pelo discípulo"
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