sexta-feira, outubro 22, 2010

O Grande Susto

Segunda-feira, 20 de Julho de 1.991 - 12:20h
Saí para uma consulta médica, marcada para as 13h.
Em seguida passaria por um shopping para comprar uma lembrança para a nossa prima, que nos esperava a todos em sua fazenda, no dia seguinte. Uma longa jornada para o oeste do estado, umas sete horas, com as paradas técnicas. Deveríamos sair pela manhã. Malas prontas, todos empolgados.
Os três filhos solteiros ( Alê, Rodrigo e Chris) ansiavam pelas férias no campo, depois de meio ano de vida corrida em Sampa e principalmente por causa da cena melodramática da véspera, que cansara a todos. Flávio (24), casado e pai, morando em Itapê, não iria desta vez.

13:15h
Ignorando o futuro, eu estava em plena consulta. Lembro-me de que era com meu dermatologista.
De lá fui comprar o presente da prima e foi demorado para escolher, porque ela é pessoa que tem tudo o que o dinheiro pode comprar.
Não contente com as escolhas, resolvi procurar no Shopping Iguatemi, demorando mais um pouco. Enfim, lá pelas cinco da tarde, fui para casa...
Entrando pela minha rua, vi um aglomerado de gente, verdadeira multidão, mais alguns carros de polícia e um camburão.
À medida em que ia subindo os poucos metros até minha casa, lembro-me de que ia pensando comigo mesma: “Nossa!... Quê que é isso! Parece uma passeata de Sete de Setembro... Mas... quanta polícia! Nossa! Meu Deus! Será que assaltaram a casa da Sônia?!
Mas então notei que a multidão voltava os olhos para a minha casa! Fui chegando, parei o carro e perguntei ao policial do camburão (notei só então que era o IML!) o que estava acontecendo e ele me respondeu que houvera uma “tentativa de assalto nessa casa aí” – exatamente a minha!
Nesse momento comecei sentir uma tontura, e as coisas foram perdendo imagens e sons, mas de dentro da névoa silenciosa em que me encontrava ainda arranjei forças para perguntar ao motorista do IML o que estava fazendo ali e me respondeu que estavam buscando “os corpos”.
─ CORPOS??? QUE CORPOS??? ─ perguntei quase desmaiando.
─ Dos assaltantes ─ respondeu.
─ Ah, coitados! ─ disse eu horrorizada ─ Mas como...?
Meu braço foi violentamente puxado pelo Nelson. Só então comecei a ouvir os gritos e vi o Rodrigo, a Chris e a Alessandra que me chamavam desesperados:
─ Saia daí, mãe! Saia daí!
E o Nelson: Vamos prá lá! O menino estava olhando com muito ódio pra você!
─ Que menino?
─ O assaltante! Estava na viatura policial e era o pior deles!
A Sônia veio e me convidou para ir até a casa dela e lá fiquei sabendo de tudo que acontecera. E é o que vou contar a vocês:

2 Comments:

At 25/10/10 7:34 PM, Anonymous primacaçula said...

É o início da concretização da premonição.

Adoro o jeito que escreve, com "bruxaria" e tudo. Ela também é um pouco minha amiga
(a bruxaria...rrsss)

 
At 31/10/10 10:38 PM, Anonymous timtim said...

Nossa, Nice, que escritora fenomenal é você! Agora vou correndo lá para o final da história.

 

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