sábado, dezembro 16, 2006

DESACATO

Crocodilo australiano



A Verdade é uma deusa inacessível que caminha num adagio sostenuto e majestoso, cabeça erguida, olhos no infinito, indiferente ao clamor dos homens.

Como podemos parecer ingênuos, às vezes, ao honrá-la, nestes tempos de hoje, em que o Caos impera, a Ordem é escarnecida, a Mentira é exaltada e o Crime fica impune! Mas que fazer? Fomos educados para respeitá-la acima de tudo. E assim continuaremos, mesmo que se torne mais difícil a vida.

Ao responder com a verdade ao formulário da Embaixada Australiana, quase perdemos o visto. À pergunta motivo da viagem, alegremente escrevemos o que vocês já sabem, que iremos para conhecer a netinha que está para nascer, de nossa filha brasileira e cidadã australiana e de seu marido australiano filho de ingleses. Que ficaremos até o dia 27 de Janeiro, que temos outros filhos e netas no Brasil, amigos, negócios, propriedades, uma vida gostosa e confortável, profissão, hobbies, enfim, nenhuma vontade de abandonar nosso amado país etc. etc. etc..

Mas o que deveríamos ter respondido? Segundo pessoas entendidas, que somos apenas turistas deslumbrados, interessados em conhecer a Austrália toda e com muitos milhares de dólares para gastar lá. E o visto com certeza já estaria em nossas mãos.

Ao enviar os formulários respondidos, no dia 7 de Novembro, o Nelson, na correria da vida dele que não é brincadeira, esqueceu-se de juntar o cheque da taxa. Ao receber os formulários sem "o principal, o cheque", a encarregada telefonou imediatamente para reclamá-lo. (Isso significa que, quando o interesse é deles, até encontram o nosso telefone). O Nelson desculpou-se, apressou-se e enviou-o em carta registrada.

Primeiro, esperamos durante uns quinze dias uma notícia, que não veio. Depois ele começou uma batalha de telefonemas, que eram barrados naquele tipo irritante de gravação que todos conhecem: "Se pretende tal coisa, digite 1: se pretende outra coisa, digite 2... ; se ...digite 3; 4; 5; 6; 7; etc.. Aí voce escolhe e digita o número; então começa tudo de novo: se quer isso, digite 1; se quer aquilo, digite 2; se quiser perguntar sobre a sua solicitação, envie um e-mail para qualquercoisa@qualquercoisapontocompontoqualquercoisa , ou um fax para o número... etc. etc. etc.
O Nelson, já exasperado, depois de muitas tentativas e faxes (Ah, a conta da Telefonica!!!!!), escolheu um número qualquer só para poder falar com alguém, uma pessoa viva com quem pudesse dialogar. Conseguiu, falou, mas em vão. Nada aconteceu.

Nem concedido, nem negado. Nada. Esquecidos.
E os telefonemas continuaram, a Telefonica morrendo de rir e nada de nada de nada...

Quando, na quinta-feira passada, 14 de Dezembro, faltando apenas uma semana para a viagem, necas do tal visto, o Nelson pediu ao Tom, um amigo advogado que trabalha em Brasília, que fosse pessoalmente à embaixada tentar deslindar o enigma. Esse amigo fez esse enorme favor e verificou que ninguém lá sabia de nada do caso, e perguntaram o dia e mês do envio dos formulários para que pudessem localizar. Inacreditável o descaso e a má-vontade.

O Nelson mandou todos os dados e comprovantes por fax e o amigo foi mais uma vez pessoalmente na sexta, pois o expediente é das 9 às 10,30, conseguindo que localizassem os documentos e que informassem o motivo da demora. Simplesmente, faltava um RX de tórax, pois iríamos visitar um hospital em Sydney e deveríamos provar que estamos sadios, também dos pulmões, além de todos os exames que já havíamos feito e das vacinas etc..

Até aí, tudo certo! Certíssimo! Só que ninguém nos pediu isso! Como poderíamos adivinhar? Errada é essa atitude de nos ignorarem, (mas só depois de cobrarem o cheque!), de não nos dar nenhuma satisfação ou resposta. Se o Tom não tivesse ido pessoalmente, teríamos perdido o vôo, sem sequer adivinharmos o motivo.

E daí a correria desenfreada pelo trânsito abominável da furiosa Sampa pré-natalina, atrás de médico cadatrado pela embaixada, de Clínica Radiológica cadastrada idem, no fim de tarde de sexta-feira. Ontem. Conseguimos, mas estava me sentindo tão perigosa quanto o Croco acima...

Lamentável! Decepcionante! Primeiro mundo!

Desconsideração, desumanidade, destrato, o que vocês quiserem! E o pior é que agora ficamos sabendo que isso é comum! Tem acontecido com conhecidos de conhecidos, em relação a outros países, como E.U.A. 





postado por Nice às 21:48 em 16/12/2006

2 Comments:

At 17/12/06 1:09 AM, Blogger marianicebarth said...

Que blog enorme! É do tamanho do meu descontentamento. Maior do a boca cheia de dentes daquele crocodilo.

 
At 17/12/06 9:59 PM, Anonymous Anônimo said...

É bom saber ou péssimo, sei lá, que problemas existem em todos os lugares do Planeta Azul, chamada pelo kardecismo de "Planeta de Expiação e Provas". Será necessário provar?
Não fique como o crocodilo. Faz mal à saúde e não resolve problemas!

 

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