segunda-feira, maio 11, 2009

Acabei com elas!

Durante mais de vinte anos entreguei ao Instituto Butantã mais de quarenta aranhas Lycosa Tarantula e duas Phoneutria Nigriventer (Armadeira), todas capturadas dentro de minha casa, na parte térrea.
A Lycosa pode atingir uns 5 cm, mas não é agressiva e deixa-se apanhar facilmente, com vidro de boca larga, como os de maionese.
Mas a Armadeira, que atinge até 17 cm, além de perigosa é extremamente belicosa, saltando até 40 cm na direção da pessoa que tenta capturá-la. Ela apoia-se nas quatro pernas traseiras e levanta-se nas quatro dianteiras, "armando" o bote. É impressionante a cena. E então, ela pode saltar para cima da gente. Nenhuma outra aranha sobe pelo vidro, mas a Armadeira sobe. Por isso o vidro deve ser grande e ficar muito bem fechado. Essa aranha pode matar um cachorro em quinze minutos, assim também uma criança pequena. Existe o soro antiaracnídeo, mas o problema é o tempo rápido em que o veneno age.
Para capturar as duas que apareceram em casa, uma de cada vez, meu filho mais velho, Flávio, teve de me "assessorar", ficando na frente da fera para distraí-la, a uma distância segura de 1,5 m, ela de bote armado e dançando de brava, as quelíceras vermelhas providas de ferrões com a aparência de espinhos apontadas para ele (que tinha treze anos na época). Eu, por trás dela, cobri-a com o vidro de boca para baixo, segurando firme; o Flávio então deslisou o pedaço de cartolina grossa por baixo do vidro. Em seguida, virei o vidro com o cartão por cima e coloquei a tampa, deslisando por baixo dela o cartão já manchado com duas gotas de veneno. Ufa! Conseguimos! E a adrenalina fervia no sangue da gente... A ferinha dentro do vidro continuou armando o bote o tempo todo, atirando-se na tampa do vidro. Azar dela, ficou sem água... Mas eu não iria arriscar nossa segurança destampando o vidro para jogar lá dentro o algodão com água.
A segunda, que apareceu alguns dias depois, foi mais fácil; a equipe de mãe e filho já aprendera. O Flávio já me ajudava a pegar tarantulas há bastante tempo e já não tinha medo delas. Mas pedi a ele que me chamasse para pegarmos juntos as armadeiras que aparecessem. Só que nunca mais vimos outra.
Aos poucos, à medida que pegávamos vivas tais "belezinhas", parece que um boca-a-boca foi correndo entre elas, que foram rareando e acabaram desaparecendo do jardim. Mudaram de endereço! Nunca houve qualquer acidente, nem com os jardineiros que passaram por aqui, nem com os cachorros ou gatos.
Mas como não há bem que sempre dure, já estão aparecendo novamente alguns filhotes. Sabendo que cada fêmea põe mil ovos, tendo a empregada matado um recentemente, restam novecentos e noventa e nove...

12 Comments:

At 12/5/09 4:15 AM, Blogger caos e ordem said...

A historinha é velha e infame mas acho que vale a pena, e é muito a propósito.
Na frente do cinema o cartaz com a ilustração. No Cairo, no chão uma pequena aranha completamente sem patas. Em cada gravura, as patinhas vão se desenvolvendo até que a aranhinha aparece completamente normal. O nome do filme é: Criou pata a aranhinha do Egito.
A história da captura, além de muito bem contada (adorei a técnica da cartolina), contém palavras jamais lidas ou ouvidas com os nomes das partes das aranhonas.
Primeirão a comentar.
No skype estou como MRCITELI.

 
At 12/5/09 10:52 AM, Blogger Polemikos said...

Achei este texto na Internet. E bastante interesante pois em geral existe um contexto de achar aranhas repugnantes :

The Spider is an ancient symbol of mystery, power and growth.

We take our first lesson from the ancient symbol of the Spider by contemplating its web.

Just as the Spider weaves a web, so too must we weave our own lives. The Spider symbol meaning here serves as a reminder that our choices construct our lives

Tutini

 
At 12/5/09 3:01 PM, Blogger marianicebarth said...

Turini, entrei no site citado, que é interessante, pois possibilita minha pesquisa recente sobre os Celtas, sua mitologia e simbologia.
Para quem quiser, selecione e copie o texto que o Turini colocou, vá até o Google e cole.
Clique na primeira opção. Pode pedir ai Google para traduzir a página (divirta-se, pois a tradução vem ao pé da letra...).

 
At 12/5/09 3:04 PM, Blogger marianicebarth said...

Zeca, tentei de todo jeito, com maiúsculas, com minúsculas. separando, unindo de novo, com seu nome, José Citeli, com acento no José, sem acento, minúsculo, míúsculo, junto, separado, enfim...
E desisti.
O Skype não o reconhece...
Mas não me conformo. Vamos dar um jeito nisso.

 
At 12/5/09 9:57 PM, Blogger caos e ordem said...

Olá Nice, certamente não leu meu comentario até o fim onde informo que estou no skype como MRCITELI.

abração

 
At 13/5/09 2:57 AM, Blogger marianicebarth said...

Lisim seu comentário até o finzinho, mas não consegui que o Skype encontrasse seu nome Skype, nem seu nome verdadeiro. Tentei de todas as maneiras. Maiúsculas, minúsculas, junto, separado etc.. Tentei seu e-mail e nada. Realmente não sei o que houve.

 
At 13/5/09 11:24 PM, Anonymous timtim said...

UAU! Que SHOW! Uma aula completa sobre aranhas. Eu sempre achei que o nome da Armadeira, vinha do fato dela armar uma teia diferente. Agora vejo a completa descrição do bote armado.
É.. eu acho mesmo que "correu um boca a boca" entre as aranhas:
- "Òi, comadre, num se arrisca mais no quarto daquela espertinha, ela manda nóis pro Butantã".
- "magina, comadre, num quero perder minhas quelíceras".
Maravilhosa sua descrição, Nice.

 
At 13/5/09 11:36 PM, Anonymous primacaçula said...

Não duvido que elas tenham mesmo se comunicado e dado o fora.
Existe uma história verídica sobre formigas do Chico Xavier muito linda.

 
At 14/5/09 9:49 PM, Anonymous timtim said...

Primacaçula, cria um blog e começa a contar histórias bonitas pra nós. Gostaria de saber esta das formigas do Chico Xavier.

 
At 14/5/09 11:26 PM, Anonymous primacaçula said...

Se me permite, prima Nice, vou tentar escrever esta história das formigas aqui.
Não me comparem com a escritora de história, titular do blog, pois acho difícil escrevê-las.

Certo dia em Uberaba, Chico Xavier saindo ao quintal se deparou com uma imensa procissão de saúvas que ameaçavam suas verduras e plantas.
Conversando com alguém entendido ficou sabendo que a forma de acabar com elas era a utilização de um poderoso formicida. Triste, teve uma brilhante idéia antes de cometer o triste assassinato! Que tal se conversasse com as "irmãzinhas", tentando afastá-las do local? Foi o que fez; e para sua alegria, no dia imediato, não havia sinal mais delas.

 
At 15/5/09 1:43 AM, Blogger marianicebarth said...

Talvez eu devesse ter conversado também com as aranhas? Mas o Chico era um santo e eu... longe disso!
Mas também não matei nenhuma...
Aliás quando acontece de pisar sem querer em algum bichinho, morro de pedir desculpas...

 
At 15/5/09 4:02 PM, Anonymous primacaçula said...

EU SEI. CONHEÇO O SEU CORAÇÃO!
A HISTÓRIA DO CHICO FOI O TIMTIM QUE PEDIU. NÃO É PARA TENTARMOS IMITAR. MAS.... QUEM SABE DÁ CERTO?

 

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