Almoço num domingo de maio
Vocês precisam fazer uma visita ao blog do Turini.
Ele escreveu um texto muito bom , dizendo em poucas palavras porque deixou de jogar xadrez. Eu não diria melhor.
Era o que eu ia dizer hoje, mas faço minhas as palavras dele.
Por outro lado, primacaçula, queira por favor me desculpar! E também todas as outras senhoras esposas dos meus queridos companheiros blogueiros que tão bem pilotam seu fogão, coisa que muito admiro e em que sou bem "barbeira".... Também adoro fazer tricô com os óculos no nariz, assim como adoro costurar e até eventualmente bordar... Só o fogão é que me intimida um pouco, pois demoro muito tempo para conseguir fazer "brotar" algum prato.
Como aconteceu naquele domingo muito quente, em maio de 1984.
O Nelson sempre ficava no Clube até mais ou menos três horas. Resolvi fazer o almoço. Mas, graças às minhas dificuldades culinárias e ao velho e arraigado perfeccionismo, as horas foram passando e só lá pelas cinco e meia o "almoço" ficou pronto. Eu estava verdadeiramente chateada com isso.
Então tive uma idéia luminosa: decidi fazer uma surpresa ao Nelson. Reuni os quatro filhos, pedindo a cada um que colocasse as melhores roupas. Todos toparam. Alessandra, (quinze anos) e eu pusemos vestidos longos e fizemos uma maquiagem bem acentuada, um pouco exagerada, como para atrizes de teatro, mas de bom gosto. Ela ficou muito bonita. Arrumamos nossos cabelos num coque e colocamos saltos bem altos. Chris tinha 9 anos e vestiu-se lindamente. Flávio Rubens, com 17 e Rodrigo, com 10, idem.
Depois, ajudaram a arrumar a mesa na sala de jantar, com toalha bordada, a melhor porcelana, os melhores talheres, velas e cristais. As velas foram acesas, pois já era quase noite nessa altura.
Colocamo-nos em pé por trás das cadeiras e chamamos o convidado de honra.
Ele desceu só com o short branco da 51, sem camisa e descalço.
Estacou na porta da sala de jantar por um rápido segundo, virou as costas e voltou para cima.
Não entendemos. O que teria acontecido? Por que foi embora? Será que não gostou? Por que não disse nada? Estávamos boquiabertos e confusos, ainda trocando idéias, quando ele reapareceu, desta vez vestindo o smoking e gravata borboleta... por cima da pele, sobre o mesmo calção branco e ainda sem sapatos. Entrou sério, sem olhar para ninguém e tomou seu lugar à cabeceira.
Caímos todos na risada e os surpreendidos fomos nós. Não podemos com ele...
Alguns minutos mais tarde, a campaínha tocou e eram dois amigos do Flávio que vieram convidá-lo para qualquer coisa. Meu filho disse que não podia ir, pois estávamos "almoçando"... Eles não acreditaram num "almoço" àquela hora e o Flávio levou-os até a sala de jantar e a cena que eles viram vocês podem imaginar. Os dois olharam, cumprimentaram olhando de um para o outro meio de lado e saíram quase imediatamente, pensando que devíamos estar loucos...
Foi um domingo memorável que ficou na história da família...
4 Comments:
Continua minha opinião: seus escritos são gostosos de se ler e reveladores da personalidade, cada vez mais cativante. Agora vou ler o blog do Turini.
Só você para ter uma idéia como essa e uma família como a sua! Parabéns! O que pensaram os amigos... pouco importa, não é mesmo? Se fosse como alguns homens que conheço não entrariam na brincadeira!
Ah! Ia me esquecendo! Não me ofendi com o que falou sobre vovós! Eu queria mesmo é ser uma vovó de verdade! Tenho que me contentar com os meus 7 sobrinhos(as) netos(as), que por sinal amo muito!
E como terá saído esta comida tão demoradamente preparada. Cada um é bom em uma coisa, a prima Nice é ótima no xadrez, poesia, pintura, música e tantas outras coisas, é a razão de ser chamada sem qualquer sarcasmo de madame versatilidade.
Está ótima a narração e de parabéns a família que consegue brincar tão bem com um almoço que virou quase um jantar.
falou o Zecão
A comida estava ótima, modéstia à parte. Era um strogonoff, que é uma das únicas coisas que sei fazer... É uma vergonha!
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