quinta-feira, abril 17, 2008

A LONGA NOITE DO REI DE COPAS

O Rei sugere à Rainha

Com um tom secreto e raro:

“Precisamos de um Herdeiro”...

E a Rainha diz: Mas claro!

E dirige-se ao banheiro.

Entra num banho quentinho,

Bem comprido e demorado,

Lava os lindos cabelos,

Veste traje delicado.

Demora só duas horas,

Mas o Rei fica estressado

Pois não suporta demoras

E sente-se abandonado.

A lua já vai bem alta

E ele sente tanta falta

De sua Rainha charmosa,

Tão bela e tão amorosa...

Tão perfumada e felina...

Como um relógio faz falta

Em cabeça feminina,

Reclama ele em voz alta

Enquanto afasta a cortina,

Rasga os punhos, puxa a gola,

Mas eis que a porta se abre

E aparece a Rainha

Numa linda camisola...

Diáfana, transparente,

O lindo corpo fremente,

Cabelo solto até os pés...

O Rei tudo o mais esquece,

Respira fundo, estremece,

E é quase reverente

Que ele caminha até lá,

Pensando: Mas como é bela!

Chegando onde ela está,

Beija-lhe as mãos e convida:

E agora, vamos, querida?

E ela, de olhar brejeiro:

“Preparar o nosso Herdeiro?

Vamos sim, meu Rei amado!”

Vai andando em sua frente,

O Rei segue-a contente,

Admirando o ondulado

Do corpo muito bem feito

No andar de sua Rainha

Que ela faz com tanto jeito!

Ela rodeia o leito,

Mas, em vez de se deitar,

Ajoelha-se ao lado

E começa a rezar...

O Rei, já desanimado,

Recosta-se do outro lado

E recomeça a esperar...

Revira os olhos, boceja,

Alisa os lençóis, suspira,

Chama a atenção da Rainha,

Mas ela sequer se vira,

Concentrada no seu terço.

O Rei olha para o berço,

Vazio, ali parado...

E fica exasperado

Do desejo reprimido,

Pela longa frustração...

Solta profundo gemido,

Une as reais sobrancelhas...

A Rainha pára a prece

E olha meio de esguelha:

Analisa a situação

Em que se encontra o amado...

Levanta um olhar melado

Ao Rei - e um sorriso incrível,

Plenamente irresistível,

Corre até ele e o abraça,

Beija e acaricia,

Deitando-se ao seu lado.

O Rei fica enfeitiçado...

E o Herdeiro principia...

8 Comments:

At 17/4/08 8:03 PM, Anonymous Anônimo said...

De onde vem tanta inspiração?! Será alguma cena histórica que eu desconheço? Gostei das rimas ricas, da cadência fácil, da imaginação fértil. Como é complicado fazer um herdeiro real! Ponto alto do texto: a camisola diáfana. Timtim

 
At 17/4/08 10:53 PM, Blogger marianicebarth said...

Não é cena histórica nenhuma, apenas minha imaginação. A intenção era fazer uma gozaçãozinha com os Reis do Baralho. Fiz outra para crianças, com a Dama de Espadas, poesia também.
Sabia que vocês iriam gostar da camisola diáfana...

 
At 18/4/08 10:50 AM, Blogger Polemikos said...

Ah!! Ai a Rainha reclamou que depois, vapt e vupt!!?? {risos}
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Mas, brincadeira à parte, o poema é lindo!!!

 
At 18/4/08 5:23 PM, Blogger marianicebarth said...

Pois é Polemikos! Prá voc~e ver como são as mulheres...
Mas a Rainha de Copas é a Carta do Amor, ela devia saber melhor das coisas, não é mesmo?

 
At 19/4/08 8:41 AM, Blogger Polemikos said...

As cartas não sabem nada das coisas do amor ... só o coração sabe. (bonito, né?)

 
At 21/4/08 3:25 PM, Anonymous Anônimo said...

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At 21/4/08 7:51 PM, Anonymous Anônimo said...

Aí, hein Nice, internacional! Acho que este teclado e mouse é de outro planeta. Parabéns pelo "very interesting". Timtim

 
At 22/4/08 10:33 PM, Blogger marianicebarth said...

Nada disso, Timtim! É propaganda ou virus!

 

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