A LONGA NOITE DO REI DE COPAS
O Rei sugere à Rainha
Com um tom secreto e raro:
“Precisamos de um Herdeiro”...
E a Rainha diz: Mas claro!
E dirige-se ao banheiro.
Entra num banho quentinho,
Bem comprido e demorado,
Lava os lindos cabelos,
Veste traje delicado.
Demora só duas horas,
Mas o Rei fica estressado
Pois não suporta demoras
E sente-se abandonado.
A lua já vai bem alta
E ele sente tanta falta
De sua Rainha charmosa,
Tão bela e tão amorosa...
Tão perfumada e felina...
Como um relógio faz falta
Em cabeça feminina,
Reclama ele em voz alta
Enquanto afasta a cortina,
Rasga os punhos, puxa a gola,
Mas eis que a porta se abre
E aparece a Rainha
Numa linda camisola...
Diáfana, transparente,
O lindo corpo fremente,
Cabelo solto até os pés...
O Rei tudo o mais esquece,
Respira fundo, estremece,
E é quase reverente
Que ele caminha até lá,
Pensando: Mas como é bela!
Chegando onde ela está,
Beija-lhe as mãos e convida:
E agora, vamos, querida?
E ela, de olhar brejeiro:
“Preparar o nosso Herdeiro?
Vamos sim, meu Rei amado!”
Vai andando em sua frente,
O Rei segue-a contente,
Admirando o ondulado
Do corpo muito bem feito
No andar de sua Rainha
Que ela faz com tanto jeito!
Ela rodeia o leito,
Mas, em vez de se deitar,
Ajoelha-se ao lado
E começa a rezar...
O Rei, já desanimado,
Recosta-se do outro lado
E recomeça a esperar...
Revira os olhos, boceja,
Alisa os lençóis, suspira,
Chama a atenção da Rainha,
Mas ela sequer se vira,
Concentrada no seu terço.
O Rei olha para o berço,
Vazio, ali parado...
E fica exasperado
Do desejo reprimido,
Pela longa frustração...
Solta profundo gemido,
Une as reais sobrancelhas...
A Rainha pára a prece
E olha meio de esguelha:
Analisa a situação
Em que se encontra o amado...
Levanta um olhar melado
Ao Rei - e um sorriso incrível,
Plenamente irresistível,
Corre até ele e o abraça,
Beija e acaricia,
Deitando-se ao seu lado.
O Rei fica enfeitiçado...
E o Herdeiro principia...
8 Comments:
De onde vem tanta inspiração?! Será alguma cena histórica que eu desconheço? Gostei das rimas ricas, da cadência fácil, da imaginação fértil. Como é complicado fazer um herdeiro real! Ponto alto do texto: a camisola diáfana. Timtim
Não é cena histórica nenhuma, apenas minha imaginação. A intenção era fazer uma gozaçãozinha com os Reis do Baralho. Fiz outra para crianças, com a Dama de Espadas, poesia também.
Sabia que vocês iriam gostar da camisola diáfana...
Ah!! Ai a Rainha reclamou que depois, vapt e vupt!!?? {risos}
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Mas, brincadeira à parte, o poema é lindo!!!
Pois é Polemikos! Prá voc~e ver como são as mulheres...
Mas a Rainha de Copas é a Carta do Amor, ela devia saber melhor das coisas, não é mesmo?
As cartas não sabem nada das coisas do amor ... só o coração sabe. (bonito, né?)
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Nada disso, Timtim! É propaganda ou virus!
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