quinta-feira, junho 03, 2010

Mini-Ping Mini-Pong

A mesa da copa era pequena, talvez 1,50m ou 1,60m, o que não impedia aqueles primos maravilhosos de querer jogar ping pong nela. 
Tínhamos nos mudado do casarão mal-assombrado ao lado da Cia. Telefônica, com pé direito de cinco metros, para uma casa menos antiga, na "rua de baixo", bem atrás da primeira. 
Era uma casa dos anos 30, isolada dos dois lados, com terraço, duas salas e um escritório, três quartos, copa, cozinha, banheiro e quarto de empregada. 
E lá fora um quintalão dividido ao meio pela tal edícula que descrevi. Com um lindo pé de camélias brancas que floria no inverno. E a mangueira onde eu era Jane (e eventualmente Tarzan), um abacateiro muito alto, uma parreira que subia pela pérgula, formando um delicioso caramanchão. Um verdadeiro luxo para os nossos padrões. E ainda havia o galinheiro.
No primeiro dia corremos pelo quintal, escalamos a mangueira o mais alto possível, percorremos o segundo quintal , sapeamos a rua de trás e com os dois mais velhos seguidos de perto por mim e pelo Deto, exploramos os quartinhos pormenorizadamente, eles com outros olhos, mais experientes, procurando tesouros. Depois brincamos de polícia e ladrão, mas logo o Flávio José, já adolescente, ficou entediado e a brincadeira perdeu a graça. 
"O que vamos fazer agora, o que podemos fazer... hummm... " e o Flávio olha pra mesa da copa, mede-a com um olhar crítico, torcendo a boca, coça a orelha... "Éééé... acho que dá! Vamos comprar umas raquetes e um jogo de ping pong! E é prá já! Vamos, molengas! Antes que feche a loja! Nice, onde fica?" 
Daí a não mais de 15 minutos o jogo comprado às carreiras já estava montado na mesinha da copa. Os primeiros participantes foram o Flávio José e a Maria Christina, que jogavam muito bem e logo se adaptaram ao tamanho reduzido da mesa. 


       Mabel e José Marcos
Eu nunca havia jogado, mas logo peguei o jeito, mas perdia todas para eles e até para o Deto, mais novo dois anos!                                 
No dia seguinte chegaram os priminhos Marcos e Mabel e o Mini Ping-Mini Pong pegou fogo. 
Era tomar o café da manhã e ping pong, almoçar e ping pong, jantar e ping pong.
Isso até chegarem os outros primos quase bebês, o José Reynaldo e a Regina Célia e a casa ficar tão cheia que dava gosto...  
E nosso jogo teve de parar para não perturbar os pequeninos. 
Fomos novamente para fora, os Tarzans e Janes da mangueira.
Não me lembro da Maria Cecília brincando com a gente, acho que com quatro anos era muito nova e não participava. Ou Esther não deixava... Ela era uma boneca, linda e princesinha.
Eram férias memoráveis que eu esperava todo ano com muita ansiedade.

       

14 Comments:

At 3/6/10 11:17 PM, Blogger marianicebarth said...

Deto, você se lembra de jogar ping pong com os maiores naquela mesa pequena?
Para falar a verdade, minha lembrança de você jogando é muito nebulosa.

 
At 4/6/10 10:13 AM, Blogger Antônio said...

Não me lembro, Nice. Mas, a maior felicidade para mim era poder alugar uma bicicleta e sair pedalando por Itapetininga. Me lembro muito bem que fomos várias vezes comprar bolinhas de ping-pong. Pode ser que eu jogasse mesmo. Quanto ao seu texto, muito rico em detalhes. Sempre associei a mémória à intelgência. As pessoas mais inteligentes que conheci tinham uma memória fabulosa. Você é mais uma a confirmar esta teoria.

 
At 4/6/10 11:30 AM, Blogger marianicebarth said...

Agradeço muito o elogio! Vindo de você é uma Medalha! Porque sempre julguei você e seus irmãos agraciados por aquele tipo de inteligência superior que confere outros refinamentos intelectuais, só mais recentemente estudados.
Que rasgação de seda, hein?

 
At 4/6/10 1:47 PM, Anonymous primacaçula said...

Que maravilha!
Unir a família!
Hoje estava dizendo ao Gil sobre isso. Nos tempos de agora estamos muito distanciados e não podemos dar a desculpa de morarmos longe uns dos outros.
Meus filhos passavam as férias de janeiro na mamãe, brincando com os do Deto e Lucy pelo menos.

Naquela época se juntavam muitos!!!

Só me lembro dessa última casa, onda as histórias de fantasmas continuaram.
Acho que foi por isso que demorei me interessar pelo Espiritismo.
Podem rir.... mas só não tenho medo DOS CONHECIDOS! rrss...rsss.

Boa tarde Deto. Um grande beijo a você, meu irmão querido.

 
At 4/6/10 1:49 PM, Anonymous Anônimo said...

Por onde anda o Polemikos?
Viajando novamente?

 
At 4/6/10 1:51 PM, Anonymous priamcaçula said...

Marcos e Bel me parece que eram "DA PÁ VIRADA"!?

 
At 4/6/10 6:06 PM, Blogger marianicebarth said...

Vamos por partes.
Lá em casa a família ia quase toda e sempre havia lugar. Dormíamos no sofá-cama na sala, distribuídos pelos quartos. Onde houvesse um cantinho meio vazio, alguém dormia lá. Desde que não se tivesse luxo...
Parece que as histórias de fantasmas impressionaram mesmo a você, prima, mas confesso que a mim também e muito! Até hoje não gosto de ficar sozinha à noite. Não gosto e não fico!
O Turini ia viajar com a família. Devem ter ido curtir uma praia vemtosa e um mar galadinho...
O Marcos e a Mabel eram muito bonzinhos, se compararmos com as crianças de hoje. Nunca pensei neles como da pá virada. Você sim?
ele foi a primeira pessoa que ouvi cantar O Trem da Onze e cantava muito bem! Teria apenas uns 7 ou 8 anos e cantava o "Cans cans cans cans cans cans cans" etc. do final da música muito bonitinho!

 
At 4/6/10 6:12 PM, Blogger marianicebarth said...

Deto, o aluguel das bicicletas tinha de acontecer porque no começo todos andavam apenas na minha, que só tive aquela... (Vou postar uma foto dela).
Mas logo alguém, deve ter sido o Flávio José, pensou em aligar mais três para andarmos todos juntos pela cidade ainda pacata naquele tempo.
Depois disso em todas as férias, já alugávamos logo no princípio.
Era um aluguel por hora e não ficava tão barato até o final da temporada de vocês.
Mas realmente era muito divertido.

 
At 4/6/10 9:47 PM, Anonymous timtim said...

Quero saber se, na análise do Deto, sobre inteligência e memória, entra também a imaginação? Parece-me que a Nice tem as tres coisas, as quais considero de grande valor para uma escritora de "memórias".
Acho que é por isso que é agradável ler os escritos da Nice, pois a inteligência recorre à memória, encadeia os fatos e... onde houver alguma lacuna, a imaginação completa o relato. Ou não tem nada a ver?

 
At 7/6/10 6:45 AM, Blogger Polemikos said...

Nice, como v. consegue lembrar coisas dos seus onze anos, com tantos detalhes?

Meus onze anos estão enterrados em uma nebulosa absoluta de que não lembro nada!

Shiost, sim, existe uma memória intelectual. Mas existe uma parte da memória muito poderosa associada à vida emocional. Acho que meus onze anos foram vazios de emoções!

 
At 7/6/10 1:50 PM, Anonymous primacaçula said...

Podem não acreditar, mas a minha irmã que o Shiost chama de MATRIARCA, lembra-se de fatos quando tinha 2 anos de idade. Disse que só não escreve, por preguiça.

Falei a respeito do Marcos e da Bel porque meus irmãos me disseram que eles colocavam galinhas vivas dentro do fogão à lenha da vovó!
????? Será verdade?

 
At 7/6/10 4:32 PM, Blogger caos e ordem said...

Admirável o congraçamento que vem acontecendo aqui no Ostenbarth e ao mesmo tempo no Refulgir.
Estou convencido de que através dos textos e comentários, estamos colaborando com as fraternas células-mãe, para dar vida ao Shiost.

Saravá

 
At 9/6/10 12:57 AM, Blogger marianicebarth said...

Não me lembro de galinhas vivas no forno a lenha! Mas se eles se lembram, confio, porque a memória da Maria Christina é realmente fabulosa! Gostaria de falar com ela a respeito. Não deve ser invenção!

 
At 9/6/10 12:27 PM, Blogger marianicebarth said...

Turini, aqui eu não tinha ainda onze anos, mas nove!

 

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