sexta-feira, novembro 12, 2010

O Assalto - O Drama

Segunda-Feira: 13:45h


Quando o assaltante engatilhou a arma e apontou para a cabeça da Alessandra, ela esperou o tiro. Mil eventos passaram naquela fração de segundo por sua mente aterrorizada. Jamais, disse ela mais tarde, jamais seria a mesma pessoa. Encolheu-se e fechou os olhos cheios de lágrimas. E esperou, o tempo paralisado. Pensou no namorado ingrato, pensou nos irmãos presentes, no ausente, nos pais, na avó velhinha e querida, nos primos de Presidente Prudente, cenas e cenas da infância, boas ou más lembranças atropelavam-se em direção à morte iminente. Chris agora gritando de horror e implorando ao rapazinho que não, não matasse sua irmã, pelo amor de Deus! Rodrigo, absolutamente em choque, mais branco do que um lençol, tentava decidir se argumentava para dissuadi-lo, ou se jogava-se contra ele em defesa da irmã. Cida abraçava a Chris, chorando com ela, "Não, moço, por favor, por favor, moço!... Enquanto isso, o outro ladrão remexia nas gavetas, encontrando um talão de cheques, que colocou no bolso de trás da calça. O ladrãozinho de doze anos saiu do quarto para ver o que arranjava pelo resto da casa.
Ninguém conseguia acreditar no que estava acontecendo, nem que pudesse haver uma salvação para a Alessandra. Só mesmo um milagre... Mas nesse breve instante em que o tempo parou, ouviu-se a campainha do portão...
O ladrão recolheu a arma assustado, mas logo perguntou feroz:
— Quem é!? Quem é!? Quem está aí fora? Vocês estão esperando alguém?
Alessandra recobrou-se, lembrando-se que “o ingrato” prometera a ela que chegaria por volta das 13:30h para se acertarem. Tinha tanta certeza de que era o namorado que se voltou para o assaltante afirmando:
— É o meu namorado! É ele sim! Tenho certeza! Deixe-o entrar, por favor, senão ele não sairá da porta e ainda acaba chamando a polícia!
A campainha soou pela segunda vez. O ladrão não sabia o que fazer, os olhos arregalados, selvagens. Por fim, apontou o revólver para o Rodrigo, ordenando que ele fosse abrir a porta para o “namorado” da menina.
— "Mas tou indo com você, bem atrás e se você fizer qualquer movimento suspeito, tá morto, meu! Fique sabendo, moleque!"
A campainha soou pela terceira vez, o revólver foi fincado fortemente nas costas do Rodrigo que abriu a porta e saiu para o saguão da escada com as mãos para cima...

Mas não era o namorado ingrato. Eram quatro policiais que, chamados (pela secretária avisada pelo Flávio) para averiguar se estava mesmo acontecendo um assalto, tocaram a campainha por três vezes e não obtendo resposta, resolveram pular o portão e entrar. Pularam, abriram o portão da garagem de par em par e foram entrando devagar, armas em punho...
Rodrigo, revólver cravado nas costas, mãos para o ar, apareceu na porta de entrada e deu de frente com os quatro policiais que engatilharam suas armas, avaliando rapidamente a situação. Rodrigo pensou: Chegou a minha hora! Estou perdido! Um vai atirar no outro e eu no meio...
Mas o ladrão, assustadíssimo, guardou a arma na cintura e voltou sobre os próprios pés, entrando em casa. Os policiais gritaram:
— Ei! Parado aí! E deram um tiro para o ar.
O outro assaltante, que ficara tomando conta das meninas e da Cida, saiu para fora do quarto para olhar pela escada o que acontecia lá em baixo. Alessandra, mais que depressa, correu e fechou a porta do quarto por trás dele.
Minha amiga e vizinha da casa da frente, que vira pela janela a polícia chegando e pulando o portão, apreendeu de imediato a situação e telefonou para o Capitão da Polícia, amigo do marido, descrevendo o que vira e pedindo reforços. Correu para fora e abriu uma fresta no portão de sua casa, chamando: “Rodrigo, venha para minha casa! Corra! Entre aqui, rápido!”, o que meu filho obedeceu prontamente, refugiando-se na casa dela, cujo portão foi fechado. Mas ao ouvir o tiro, pensou que o ladrão tinha voltado lá para cima e atirado finalmente na Alessandra e quis voltar, mas a Sonia o agarrou pelos braços e lutou com ele, impedindo que ele voltasse. Ele chorava e gritava em desespero que tinham matado sua irmã e que tinha de voltar! Mas a Sônia foi firme e falava com ele que a polícia já estava lá e ele não podia se expor mais.
Lá em cima, no meu quarto, outro drama se desenrolava. As meninas e a Cida ouvindo o tiro, começaram o maior sofrimento, pensando que o ladrão tinha matado o Rodrigo, mas não tinham coragem de sair do quarto...

11 Comments:

At 12/11/10 12:33 AM, Blogger marianicebarth said...

Esse tipo de relato, quando interrompido, fica difícil de escrever a continuação e difícil de entender. Peço a vocês que releiam os posts anteriores se houver dificuldade.

 
At 12/11/10 4:55 PM, Anonymous primacaçula said...

Que situação difícil, não, que vocês passaram.

Como ficaram depois disso? Poderiam ter uma síndrome do pânico de difícil tratamento, mas parece que isso não aconteceu, graças a Deus!

E o ladrão que faleceu? Se fosse hoje, lhe aconselharia um recurso espiritual para anular o triste episódio, mas está tudo bem agora.

 
At 13/11/10 1:34 PM, Blogger marianicebarth said...

Espera um pouco, até aqui ninguem falecera... Vou continuar a história...

 
At 13/11/10 2:58 PM, Blogger marianicebarth said...

Saibam que quem me pediu para contar sobre esse assalto foi o Shiost, lá por 2007? Na época eu nâo fiquei muito entusiasmada para publicar por uma série de razôes óbvias, mas também nâo respondi se iria ou nâo postar isso... E agora que ele está em outro plano, comecei a me sentir meio devedora.

 
At 13/11/10 9:45 PM, Anonymous timtim said...

E o Shiost continua muito entre nós, lembrado a toda hora e responsável por ter incentivado esta promissora carreira de escritora. Continue, por favor, pois estou ansioso para ver estes meliantes em apuros.
Você escreve como se tivesse vivido todos os pormenores. Até a cor do Rodrigo você viu "mais branco que um lençol". Continue...

 
At 14/11/10 10:01 AM, Blogger marianicebarth said...

Timtim, realmente nâo vi, você sabe, mas tudo me foi contado coloridamente... É bem possível imaginar as cores e as descolores de emoçôes tâo adrenalinizantes, você concorda? Alem do que, conheço meu filho alemâozinho branquelo, louro como um príncipe dinamarquês (... gostou da comparaçâo?!) assim como as outras duas (Alê moreninha e Chris mais clarinha) e já os vi a todos em açâo em algumas ocasiôes mais ou menos estressantes e sei exatamente o que e como se sentem... e as cores que apresentam...
E meu jeito de escrever é assim mesmo, com emoçâo...
Você acha que devo tentar um relato frio?

 
At 14/11/10 7:51 PM, Anonymous timtim said...

Não, não! Eu estava elogiando o seu estilo. Continua, por favor.

 
At 14/11/10 9:53 PM, Blogger caos e ordem said...

Emocionante, muito bem contado, coisa de cinema. Deixa os outros falarem mas o bom escritor (a) é assim mesmo, narra com muita riqueza de detalhes. Vamos aguardar o final.

abracao

 
At 15/11/10 6:49 PM, Blogger caos e ordem said...

Foi bem engraçado a prima caçula antecipar que um ladrão morreu e a blogueira corrigindo, não ninguém morreu ainda. Aumentou a expectativa pra ver a continuação com a morte do ladrão.

 
At 16/11/10 3:28 PM, Anonymous primacaçula said...

"TÁ" bom.... Deixa a Nice contar!
É que tenho a mania de chegar ao fim antes das pessoas saberem.

Mas não demora, viu, prima, pois estão todos ansiosos...

 
At 16/11/10 3:31 PM, Anonymous primaçaula said...

Timtim... Caos...
Vocês têm dado uma olhada no blog do Turini???

 

Postar um comentário

<< Home