quinta-feira, outubro 05, 2006

Robson e Jane

Capítulo IX

A História de Jane

Já preocupado, pensando em uma possível queda do outro, resolve decolar e faz um vôo esquadrinhando a mata, procurando o parapent. Numa das voltas vê algo estranho lá em baixo, e manobra para passar outra vez pelo local. O que ele mais ou menos adivinha entre as árvores é uma das rodas de um carro capotado, quase completamente escondido entre as folhagens. Ele ainda tenta se aproximar, mas o local é de difícil acesso e ele decide voltar para o alto da serra, onde encontra o amigo. Robson então comenta o que viu e o amigo diz que há a notícia do desaparecimento, há dez dias, de uma garota de dezoito anos, num carro. Robson e o amigo chamam algumas pessoas e descem mais de 180 metros serra abaixo, procurando pelo carro capotado. Já é quase noite quando o encontram. Dentro está o corpo de uma mulher, em decomposição. Procuram as autoridades e fica confirmado ser a garota desaparecida e que havia deixado um bilhete de suicídio. O pai faz o reconhecimento e a mãe cai em desespero.

Robson fica arrasado. Jane e ele fazendo de tudo para serem pais e uma mãe perde a filha de 18 anos dessa maneira trágica! Além de tudo, seu coração está pesado por ter sido ele a encontrá-la. A mãe da garota, porém afirma que ele foi um anjo e que seu parapent eram as asas. E ele, o homem forte, que sempre oferece o próprio ombro para quem precise, chora no ombro dessa mulher.

Daqui para a frente, é Jane quem continua:

“No sábado ao amanhecer, acordo e faço uma oração pedindo a Deus que se não fosse meu destino ser mãe de jeito nenhum, que me desse uma luz e assim eu pudesse viver a minha vida sem essa expectativa.

Fomos almoçar na casa de meus pais e uma amiga deles que estava lá convidou-nos para ir nessa tarde a uma casa espírita de caridade (é como um hospital), onde há sessões de cura e tratamentos espirituais. No estado em que Robinho e eu estávamos, resolvemos aceitar o convite. Depois de uma meia hora, sou chamada lá dentro e entro preocupada e desconfiada. Ah, meu Deus, será que ele vai me dizer que nunca vou poder ter um filho? O médium me pergunta por que motivo estou lá. Respondo que gostaria de fazer um tratamento para engravidar. Ele pede para eu me deitar, passa alguns instrumentos na minha barriga e na minha cabeça e me diz que em uma outra vida eu havia cometido um aborto e que esse espírito abortado não havia me perdoado e não me deixava engravidar, nem adotar. Por isso eu deveria rezar e pedir perdão e também estar mais em contato com crianças carentes e necessitadas, pois é dando que se recebe.

De repente ele se dirige a Robinho, em pé a meu lado e diz que ele está muito atormentado, mas que deve ficar tranqüilo agora, pois já cumpriu sua missão de encontrar a garota, que precisava muito ser encontrada. Agora vocês só devem orar por ela.

Nesse momento, ele nos convida a participar da mesa, que acontece quando termina o atendimento. Decidimos aceitar.

Na hora da mesa somos orientados a ficar de olhos fechados e em oração e que não precisamos ter medo. Estou muito calma.

Senta-se a meu lado uma moça que não conheço, apagam-se as luzes e alguns médiuns começam a encorporar espíritos. A moça ao meu lado faz sinal de que quer papel e caneta e começa a escrever. Num determinado momento, puxa meu braço e coloca várias folhas de papel sob minha mão. Sem saber o que fazer, aguardo o final da sessão para perguntar o que devo fazer com os papéis. Ao serem acesas as luzes, olho para a primeira folha, vejo a palavra Mãe e começo a chorar. Mal posso ler os restante, de tanta emoção. É uma carta, que guardarei para sempre e diz:

2 Comments:

At 5/10/06 10:58 PM, Blogger marianicebarth said...

Na verdade, minha intenção era escrever apenas algo light e engraçado como o caso da sociedade com o mendigo... Mas acabei falando pelo telefone com os dois para pedir autorização de colocar os nomes etc e eles contaram os fatos da queda na granja, depois da onda no Havaí e, finalmente, a adoção e o drama da Jane. Não deu para ser light...

 
At 5/10/06 11:38 PM, Anonymous Anônimo said...

Que lindo! Estou habituada com essas coisas de Deus (estão bem presentes no meu dia a dia) e mesmo assim me emociono e agradeço sempre.
Acertei... então, "sem querer", quando disse que a reencarnação explica tudo, no comentário do blog acima.

 

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