terça-feira, novembro 16, 2010

O Assalto – O Drama continua

14:20h

Lá em cima, no meu quarto, as meninas e a Cida ouvindo o tiro, não tinham coragem de sair do quarto...
Os quatro policiais vasculharam a parte de baixo da casa, não encontraram ladrão nenhum e foram subindo a escada e examinando a parte de cima. Também nada encontraram.
Junto à porta do meu quarto, fechada, ouviram o choro das três e bateram, dizendo que abrissem para a polícia.
Elas não acreditaram, tiveram medo e não abriram.

— “Não, não é a polícia! Não acreditamos ! Vocês mataram nosso irmão!”
“Não, podem ficar sossegadas, seu irmão está bem, uma vizinha está tomando conta dele. E somos sim, a Polícia!”
— “Mas ouvimos um tiro!... Vocês mataram alguém?...”
“Não, ninguém morreu, foi tiro para cima! Podem abrir agora, vocês estão seguras!”
Depois de muita insistência de lá e resistência de cá, finalmente a Alessandra pediu que mostrassem as credenciais por baixo da porta, o que foi feito. Só então elas abriram, perguntando do irmão.
“Vamos acompanhar vocês até a casa da vizinha e poderão ver seu irmão.”
Saíram ainda transtornadas, mas já com um início de alívio e gratidão.
A Cida, como sempre muito esperta, ao passar pelo banheiro do Rodrigo, notou qualquer coisa caída em frente à porta, mas não ligou na hora, pois o importante era sair dali com as meninas o mais depressa possível. Mal sabia ela que aquele objeto seria a peça fundamental para a solução do caso...
Ao sair de casa, acompanhadas pelos policiais, as três abraçadinhas, foi que se deram conta da multidão que se formara enquanto estavam trancadas no quarto. A vizinha, que ao ver os policiais pularem o muro chamara o capitão da Polícia, conhecido do marido, pedindo “reforços”, fora mais do que atendida: oitenta e cinco policiais, quinze viaturas e um helicóptero! O barulho do aparelho atraíra a multidão de curiosos, que surgia de todo lado para assistir ao “espetáculo”...
Na casa da Sonia, todos salvos, puseram-se a esperar que os ladrões fossem encontrados e presos.
Mas... eles haviam desaparecido. Apenas um fora visto pelo helicóptero correndo para fora, pulando muros das casas, tendo sido preso enquanto fugia pelas ruas. Era o menorzinho, o mais feroz, de apenas doze anos, o que ficava instigando os outros a matar.
Procuraram pela casa toda, durante mais de uma hora. O helicóptero sobrevoando a casa e os arredores afirmava que ninguém escapara, ninguém saíra da casa.
Então, onde estavam? Os policiais, desanimados, começaram a ir embora. A Cida e meus filhos, a Sonia e a família instando para que não fossem embora, não os abandonasse, porque tinham certeza de que eles estavam escondidos na casa em algum lugar e que quando entrassem, haveria represálias. Mas os policiais foram saindo, as viaturas, todos. Só ficaram os primeiros, da delegacia próxima, que também não se conformavam com o sumiço inexplicável.
De repente, a Cida se lembrou do objeto caído na porta daquele banheiro: o talão de cheques que um deles pegara na gaveta no meu quarto.
E ela rapidamente reuniu os fatos e chamou os policiais restantes, contando isso a eles e deduzindo que esse banheiro tinha o pé direito duplo, com uma abertura que dava para as caixas dágua, por onde devem ter entrado os assaltantes, certamente lá ainda, na laje abaixo do telhado.
Os policiais resolveram verificar, sem acreditar muito. Trouxeram a escada grande da Sonia, o primeiro deles subiu... e foi recebido a bala...


6 Comments:

At 16/11/10 10:51 PM, Blogger caos e ordem said...

Oi que privilégio, eu ser o primeiro a comentar. Que show, oitenta policiais, helicóptero, imagino que já devia ter TV também. Agora muitos anos depois de tudo, fica interessante, engraçado, tudo legal e bom, mas a família inteira deve ter sofrido tanto. E o Nersão escapou de tudo, onde andava?

abração

 
At 16/11/10 11:40 PM, Blogger marianicebarth said...

O escritório do Nelson, nesse ano, ficava na Rua Marconi e precisava de uma geladeira daquelas pequenas. O Nelson estava no Mappin ali pertinho na Xavier de Toledo, comprando essa geladeira. No momento em que tudo começou, e o Flávio, de Itapê falando com o Rodrigo aqui em SP etc, se você se lembra, a Chris passou o recado, o Flávio entendeu e ligou de lá para o escritório do pai.
como o chefe não estava, a secretária ligou para a polícia e o resto você já leu.
Não sei direito a hora em que ele chegou aqui em casa, porque eu cheguei no final de tudo.
Mas ele estava com meus filhos e a Cida no meio da multidão reunida na minha rua toda e foi quem me puxou para fora do raio de visão do menor feroz de doze anos, dizendo que o menino estava olhando para mim com muito ódio...

 
At 16/11/10 11:43 PM, Blogger marianicebarth said...

E não, que eu saiba não tinha TV. O que sei e vi foi nos jornais, Estado ou Folha, ou os dois, com uma reportagem sobre assaltos praticados por menores e as fotos deles.
É muita coisa para contar. Esqueci de dizer que o menino feroz estava no camburão e que parei bem em frente e foi dali que o Nelson me puxou?

 
At 17/11/10 2:55 PM, Anonymous primacaçula said...

Sua filha Alessandra é muito esperta e equilibrada. Em meio ao "sufoco" que estava passando lembrou de pedir à polícia as credenciais.

Nunca soube os detalhes desse incidente, que não vejo... sinto muito,Zeca, nem agora,...graça.
Estou sabendo "quase ao vivo e a cores", graças a esta narração da Nice.

 
At 17/11/10 4:02 PM, Blogger marianicebarth said...

Não é engraçado mesmo agora, depois de passados quase vinte anos...

 
At 17/11/10 9:05 PM, Anonymous timtim said...

Pera aí. Dessa vez a imaginação traiu à escritora. OITENTA POLICIAIS!
Mas que furdúcio! Que sufoco! Eu também admirei o autocontrole da Alê.
Que história! Vai ter continuação?
Ah! vai sim, o tiroteio lá no sótão.
Aguardamos.

 

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