quinta-feira, outubro 11, 2007

Uma Grande Paixão XIII (último)

Mais retalhos de uma vida, mais uma colcha costurada com as cores da imaginação.

Carlota, a doce Carlota, deixou-me gravada na memória, a ferro e fogo, seus grandes olhos tristes, olhos que, se muito viram, pouco entenderam das injustiças da vida mas tudo aceitaram com resignação. Suas pálpebras semicerradas de menina ocultavam um sentimento latente de muda melancolia. Quase não sorria, como todas as crianças. Movia-se silenciosa e cautelosamente, como quem não quer incomodar, ou se impor.

Nasceu filósofa e aos seis anos, em Morro Azul, entrou para a escola em que Tia Júlia era diretora. Essa tia, pessoalmente ensinava a pequena Carlota a declamar, refinando-lhe o gosto pela linguagem lírica.

Sempre boa aluna, descobriu logo na 5ª. série um interesse acentuado pelo estudo da língua francesa, que aprendia com facilidade. Começou a se delinear em seu íntimo um sonho grande e lindo: visitar a França.

Como a grande maioria das meninas de Morro Azul dos anos 50, fez o Curso Normal (magistério) e, formada professora, foi dar suas aulas. Um pouco mais tarde formou-se em Psico-pedagogia. Acho que foi quando se mudaram para São Paulo.
Conheceu Arnaldo, com quem se casou, tendo três filhos: Helena, Cassio e Fabrício.
Depois de aposentada e viúva, os filhos casados, Carlota pôde realizar seu sonho de conhecer a Europa, particularmente a França e a Itália. Muito religiosa, pertence à Ordem Franciscana Secular.

Hoje dedica-se a escrever e a estudar francês. A poesia que traz no sangue é o caminho de expressão de sua ardente fé. Publicou o livro "Poemas que eu posso rezar", sob o nome de Carmen Silveira. Pertence ao Centro Cultural em Sorocaba e participa do Coral, é ativa, artista e plenamente realizada.

* * *

Uma paixão avassaladora destruiu como um incêndio uma família constituída, separando e machucando seus membros. Mas todos sobreviveram de uma forma ou de outra. O sofrimento de cada um foi superado, deixando um saldo positivo. Temos nossas histórias que só enriqueceram nossos espíritos.

15 Comments:

At 11/10/07 11:27 PM, Anonymous Anônimo said...

Aliás, não é este o objetivo da vida? "Enriquecer o nosso Espírito?
Sabe, embora não seja católica me considero pertencendo um pouco a ordem franciscana! Quem sabe, um dia escreverei sobre isso, embora muitos me chamarão de mistificadora e um tanto "lelé da cuca".
Afinal, muitos aqui estão abrindo as suas almas! Porque eu deixaria de fazê-lo?

 
At 11/10/07 11:32 PM, Anonymous Anônimo said...

AH! AMO TAMBÉM O FRANCÊS E PENSO AINDA APRENDÊ-LO. JÁ SONHEI QUE DAVA AULAS FALANDO-O CORRENTEMENTE; SÓ QUE O MEU NOME ERA JEAN BAPTISTE de algumacoisa!!!
Era eu, mas não era eu! Me entendem? Vai ser difícil entender!

 
At 12/10/07 12:28 AM, Blogger marianicebarth said...

Não , não é nada difícil... não para mim.
Quanto a abrir seu coração, rasgar sua alma, deixar que os outros vejam quem a gente REALMENTE É, qual é o problema? Que chamem a gente de lelé da cuca? E quem pode dizer em sã consciência que não é pelo menos "um pouquinho" lelé?
E se julgarem qualquer coisa um tanto ou quanto desabonadora, também qual é o problema? Sempre vai ter quem entenda você e, então, você vai saber quem se importa e merece sua amizade e quem não vale a pena... Uma coisa posso dizer: esta catarse que fiz foi tão "descongestionante"... Estou tão aliviada...

 
At 12/10/07 11:06 AM, Anonymous Anônimo said...

Você me incentivou a abrir o meu coração com "coisas do outro mundo", é verdade, mas que me indicaram um caminho!

 
At 12/10/07 11:30 AM, Blogger marianicebarth said...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 13/10/07 9:24 PM, Blogger Antônio said...

Tudo o que é bom, dura pouco. Esta história estva faltando em minha vida.

 
At 13/10/07 9:25 PM, Blogger Antônio said...

Sua história já está impressa e nas mãos de mamãe, que fez questão de lê-la.

 
At 15/10/07 12:03 PM, Anonymous Anônimo said...

Fiquei tres dias sem internet. Gostei muito deste último capítulo, mas tive a mesma sensação do Shiost: o que é bom dura pouco. Agora vamos ficar esperando a "primacaçula" com suas revelações, suas confissões... sua vida"

 
At 15/10/07 5:20 PM, Blogger Polemikos said...

Nuce, gostei demais de sua "grande paixão". Não comentei nada era tambem uma cartarse muito pessoal e estas coisas, a gente ouve e não fala nada.

Agora, para a escritora vou sugerir o seguinte. Pegue seu texto que deve estar no Word, se não, ponha ele lá, completo, os 13 capítulos. Comece substituindo os nomes, todos, mesmo que rimem {risos}. Alguns dos participantes ou seus parentes podem não querer serem reconhecidos ...

Uma vez feito isto, reveja o texto com os olhos de escritora ... agora que que v. não está mais presa à "verdade histórica", crie a sua "realidade literária", costure os episódios, adicione eventos, floreie, mude as coisas (que nunguem vai poder te cobrar!), etc ...

V. tem um texto excelente que merece ser publicado ....

 
At 16/10/07 9:57 PM, Anonymous Anônimo said...

Quero lembrar ao Timtim duas coisas: a primeira é que não tenho um blog para escrever, só se for no Provérbios e segunda , a mais importante, é que não puxei esse lado artístico da querida prima!

 
At 24/10/07 10:55 PM, Blogger Barth Photography said...

Oi Mae, eu ja te falei e o polemicos escreveu...vc tem material pra escrever uma historia baseada em fatos reais,mas nada te impede de criar uma realidade literaria!tem a sua historia, a da vovo Ana,da Diva (as duas poderiam ate ser heroinas com personalidade forte)e a Carmem.Isso sem falar do resto da familia...Bota pra quebrar mae sem hora pra acabar e curta o processo...bjs,Ale

 
At 28/2/08 12:24 PM, Anonymous Anônimo said...

Acabo de receber por e-mail este "protesto" da Diva:

Estou sentada em frente a essa telinha que pouco aprecio.
Já li toda a história romanceada de nossos pais numa outra noite .
Fiquei muito emocionada e quase chorei recordando os tempos ruins passados.
Felizmente parece que realmente foi apenas uma história,um romance.
Muita coisa foi mesmo imaginação da escritora fabulosa que você é.
Um detalhe referente a mim. Formei-me na Escola de Bailados Municipal de São Paulo e outros tantos cursos por aí afora mas não diplomei-me pelo ^Royal de Londres^ nunca.
Dona Nhanhã gostava de exagerar nas qualidades das filhas mas eu fico envergonhada quando me atribuem coisas não verdadeiras no meu currículo.
Mudando o assunto...
Tenho visto também as fotos da última netinha. Está cada vez mais linda.
Um forte abraço aos seus filhos,netas, marido e tambem à sua querida sogra Dona Zélia, que aprecio muito.

Buenas noches.

Diva.

 
At 28/2/08 12:29 PM, Blogger marianicebarth said...

E respondo a ela:

Diva querida, se lhe imputaram diploma que você não reconhece, a culpa é exclusivamente minha...
Você estava em minha casa quando foi para a Inglaterra e País de Gales. Esteve no Royal Ballet. Ou não?
Não D. Nhanhã quem aumentou suas qualidades, mas eu mesma. E ainda acho que você é excessivamente modesta...

 
At 28/2/08 12:41 PM, Anonymous Anônimo said...

Oi Nice.

O que dizer... Seu texto é envolvente, cativante, gera desejo de saber o que vem a seguir.

As emoções que emergem deste seu drama pessoal são extremas. Fico imaginando a dor de sua mãe.
"O amor faz coisas que até mesmo Deus duvida."
Aí, restam perguntas não respondidas: por que? Por que seu pai fez o que fez? Será que não pensou em outra solução mesnos traumática, menos radical? Afinal o que foi que aconteceu para gerar uma reação tão violenta num temperamento aparentemente pacato? E a Diva, ainda pequena e já buscando proteger a irmã, vingando a mãe como pôde e soube. Uma menininha caindo de repente no mundo das paixões humanas.
E você, Nice, por tantos anos sentindo o peso trágico desta história de, a atração-repulsão em relação à D. Ana. O tão compreensível medo de ser levada para longe de D. Juventina, que soube ser de fato, a mãe do seu coração.
E aí... é difícil dizer mais. Continue. Divida com os que lhe querembem os espinhos de sua alma. Tire-os de lá, jogue-os longe e permita-se ser feliz, porque há no mundo bem poucas pessoas sensíveis como você, que merecem a serenidade, a paz interiorm tão completamente.

Um abraço de sua amiga de sempre,

Vera (a cunhada).

 
At 28/2/08 12:46 PM, Blogger marianicebarth said...

Muito obrigada, Vera, cunhada-irmã, tão querida.
Você é que me julga por si, penso que você é quem tem essa sensibilidade à flor da pele, o que a torna a melhor amiga que alguém possa ter.

 

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