quinta-feira, outubro 30, 2008

Não!

Não, não e não!

Este blog não morreu!


Está apenas descansando por algum tempo, igual à Bela Adormecida.
Espero que não por tanto tempo...

sábado, outubro 11, 2008

Leite de Cabra

Bitinha

— Essa menina é muito magrinha, não é, Dona Juventina? — diziam todos que visitavam nossa casa. E se não comentavam, mamãe perguntava:
— Ela está muito magrinha, não acha? Não sei mais o que fazer!
Eu não me importava ainda com isso, mas mamãe sim e muito. Fazia de tudo para me engordar, sem resultado. Eu já estava com quatro anos e era bem mirradinha, meu estômago era “de passarinho”, segundo papai.
Até que um dia alguém sugeriu que ela me desse leite de cabra, “que também é bom para os pulmões”... Como naqueles tempos a tuberculose era comum e já tinha feito vítimas na cidade, esse argumento “levantou uma lebre” e assustou mamãe e ouvi claramente quando ela afirmou que ia tratar disso imediatamente.
No domingo seguinte fui com alguém à feira e vi lá uma cabra cinzenta com um lindo cabritinho branco e pequenino ainda sem chifres e de olhos doces. Enquanto a pessoa que estava comigo fazia suas compras, pedi para ficar ali com o animalzinho. E quando o carreguei e senti seu corpinho quente e macio, resolvi levá-lo para casa, pensando que a mãe-cabra dele poderia me fornecer o leite que me engordaria e que protegeria meus tais de pulmões, fosse isso o que fosse.
Disse ao dono dos animais que minha mãe queria comprar uma cabra e lá fomos nós para casa, o bichinho indócil no meu colo. Pelo caminho fui contando ao homem que todo mundo andava dizendo à minha mãe que eu era muito magrinha e que os pulmões... etc. etc...
Mas ao chegarmos, tive uma surpresa.
Não era bem isso que mamãe pretendia, comprar uma cabra. Fiquei sabendo então que ela iria comprar apenas o leite da cabra da Dona Chiquinha, da quitanda dos pinhões, mas o argumento daquela visita de que meus pulmões estaria imunes para sempre à perigosa doença, foi decisivo.
Depois de longa conversação pelo preço pedido:
— Está muito caro...
— Não é caro, é barato, pois a cabritinha é fêmea e a senhora poderá ter leite de cabra por muitos anos, está levando dois por um...
— Mas eu não contava com essa despesa agora...
— A senhora não precisa pagar agora. Posso vir buscar o dinheiro na semana que vem, está bem assim?
— Semana que vem? — mamãe fazia contas, sobrancelhas franzidas, os dedos para cima e para baixo na testa, os olhos passeando da esquerda para a direita. Estava caro... e o dinheirinho tão curto...
Sentada no chão eu olhava expectante de um para o outro, agarrada à cabritinha em meu colo, de que não largara nem por um minuto.
— Essa menina está bem magrinha, dona! É perigoso ela pegar uma tuberculose...
Mamãe arregalou os olhos. Olhou para mim, depois para o dono da cabra, baixou as mãos e decidiu:
— Está bem! Fico com elas! E o dinheiro, na semana que vem. Vou dar um jeito. Pode ser no próximo domingo?
— Pode sim, dona! A senhora fez um bom negócio!
— E o senhor também — pensou mamãe.
Bita e Bitinha foram os nomes óbvios dado à mãe e à filha.
Foi assim que passei a tomar o leite quentinho e espumante de nossa própria cabra todas as manhãs... A cabra-mãe morreu alguns anos depois não sei de quê, mas a Bitinha cresceu, casou-se com o bode da Dona Chiquinha, teve uma filha que se casou a seu tempo com outro bode. E meu café da manhã continuou rico em leite de cabra durante muito tempo.
Eu adorava.
Mas se engordei?... Nem um grama...

sexta-feira, outubro 10, 2008

Rebecca Dourada

Uma foto
pode ser trabalhada
para ficar assim,
toda dourada.