segunda-feira, dezembro 31, 2007

FELIZ 2008 A TODOS OS QUERIDOS AMIGOS!!!!

PROVAÇÃO - Capítulo IV

Durante uns sete ou oito meses os desenhos "saíam" forçados, espirrados, espremidos: os traços enrodilhados em si mesmos, traços demais, elementos demais, nada do que Helenos me ensinara desde o primeiro dia. Ele, sempre sarcástico, dizia: ― o traço "pentelhudo" da Nice...
Mas era assim mesmo. Eu ia enrodilhando, enrodilhando até que alguma imagem aparecesse.
E eu não gostava nada, nada. O que aparecia? Uma menina chorando (eu) sobre sua cachorrinha morta (Aleluia, linda, jovenzinha, cinzenta-clara, peluda como um poodle, pequenina e vivaz, que agonizava por culpa de um ossinho de frango e não havia veterinários em Itapê...), um São Francisco (meu santo predileto) de braços abertos, em prece, olhos em Deus, Dom Quixotes aos montes, montados em águias, lutando contra locomotivas ou parados no tempo, ou sentados espremendo o cérebro, ou desanimados como eu comigo mesma...
Ou uma cena: árvore com galhos parecendo braços ameaçadores, por trás de uma moita em primeiro plano, em que se agachava um homem-macaco-primitivo nú, escondendo-se dela; a árvore agitava os "braços", controladora e hostil; o homem tinha medo dela, mas ele não sabia que a árvore por sua vez estava com medo de um perigo mortal, um incêndio na mata; por trás da árvore um vento forte agitava as chamas.
Oura cena: uma coruja gigantesca voando, olhava de cima para figuras humanas de papel, coladas pelos pés no piso em ângulo de 90 º, como num palco; e suas sombras estendiam-se até a parede e dobravam-se por trás delas. As figuras representavam vários tipos humanos entre o espiritual e o material. O que significava isso? Uma coruja voa e é símbolo de pensador, mas figuras de papel são meros simulacros de pessoas. Seria o que eu estava pensando de mim mesma? E ainda por cima a coruja era uma forte influência do Helenos, nem original, nem criação minha era.
E eu sofria, penava, inferno na terra, desculpem o exagêro, mas os artistas como Edi, Alessandra, Christina e Turini me entendem e tenho certeza de que as pessoas sensíveis (como vocês todos) também.
Quando fazia nove meses que estava batendo a cabeça e dando murros em ponta de faca, numa segunda-feira, dia memorável em minha vida, tive um estranho sonho: uma porta de ferro batido, bruta, no formato de um pequeno sarcófago, colocada em uma parede falsa de lanças, dentro de um aposento verde e sem janelas...

domingo, dezembro 23, 2007

NOSCE TE IPSUM ! 3º Capítulo

Conhece-te a ti mesmo!

Na aula seguinte Helenos me recebeu e já foi dizendo:
— Pode começar a criar alguma coisa. Virou as costas e foi para dentro.
Sozinha, lápis em punho, sentei-me em frente ao papel em branco e tudo se repetiu. Nada!... Nada... Nada mesmo... Fechei os olhos para ver se havia alguma coisa, apoiei a testa na mão, quase entrei em desespero, pois estava dando razão ao mestre: “Mulher parideira”, “Mulher parideira”... ecoava o sarcasmo lá dentro. Seria eu apenas isso para esse professor?
Agora que todo esse tempo passou e olho para essa cena em perspectiva, sei que ele me provocava os brios e os ânimos, pois vejo bem que eu não passava mesmo de uma mãe atrapalhada, com quatro filhos, dando trinta e quatro aulas por semana, corrigindo quase setecentas provas por mês, em casa, nos fins de semana e ainda desenhando para fora nas madrugadas... e ainda pretendia ser “artista”?!
Não sei mesmo como ele me admitiu como aluna...
Tive vontade de chorar e de dizer a ele que desistia. Mas a Ariana feroz que vive em mim se levantou e me descompôs.
— O quê????? Desistir??!! — sibilou a Ariana.
Morro de medo dessa minha fera interior, pois não posso escapar dela. Mas torna-se encantadora quando topo um desafio. Então preferi o Helenos. Fera por fera...
Respirei fundo e finquei pé. Levantei a cabeça e enfrentei, louca da vida:
— Helenos! O que é criar? Como se faz?
Ele foi chegando, meio rindo de lado:
— Mulher parideira... quer aprender a criar? Hein? (Riu, irônico...) Ninguém ensina ninguém a criar... Isso tem que estar dentro de você... Ou não... Como vou saber o que você quer criar desenhando?
E voltou para dentro.
Tive ganas de bater nele... Eu estava p... da vida. Mas logo percebi que não era com ele, mas comigo mesma.
— É claro — pensei! Ele está certo, certíssimo! Se eu não sei para onde quero ir, tenho que descobrir! Sozinha! Ele já me disse mais de uma vez. Por isso é que é tão difícil!
Levei um susto com a voz do Helenos atrás de meu ombro:
— Folha limpa! Toque no papel com seu lápis. Agora comece a riscar. Vamos!
Obedeci. Sabia o que ele estava querendo dizer: riscos sobre riscos produzem uma imagem. E imagem eu entendia. Ele percebeu que eu ainda era um bebê na arte e resolveu me dar uma mãozinha... Perguntou se eu estava “vendo” alguma coisa naqueles riscos. Sim, eu estava.
— Está vendo? — ele falou baixinho, como em reverência — Esses traços que você está fazendo são SEUS, única e exclusivamente SEUS... Você está criando... Nunca ninguém fez esses traços... Agora, vá para casa e faça alguns desenhos lá. Traga na próxima terça-feira.
E assim começou minha viagem ao meu interior, secreto e inexplorado, desconhecido e misterioso como acontece a todas as pessoas.
E como é difícil o auto-conhecimento... Meu Deus! Eu não andava, arrastava-me... Aqueles traços podiam ser MEUS, mas não eram bons! Eram infantis, bobos... Ainda mais a lápis! Minha mão pedia, implorava por um bico de pena e uma tinta Nanquim... Telefonei para o Helenos e perguntei se não podia deixar o lápis e tentar alguma coisa com o bico de pena. Ele disse que o resultado é que interessa.
— Tente... e vamos ver.
Foi muito melhor! Meus dedos, habituados à tinta Nanquim e à pena, exultaram. Coloquei a ponta fina da pena num ponto qualquer do papel e comecei a traçar linhas curvas em espiral. Logo apareceu um pequeno tornado. Então uma mulher foi surgindo, lutando contra o vento, suas roupas longas colando-se-se em seu corpo, delineando suas pernas, seus longos cabelos se soltam, esvoaçam e cobrem seu rosto e ela perde o chapéu para o vento... Logo surge um homem todo encapotado, tentando aconchegar o sobretudo ao corpo avantajado, mas ele também tem o chapéu arrebatado pelo vento.
Não era ainda o “Algo”, mas já era alguma coisa...

O Atelier - 2º. Capítulo

Dois dias depois lá estava eu novamente no apartamento-atelier do Helenos. Ele tinha (tem ainda) várias coleções de livros de Arte. A aula começou com uma introdução à Arte Moderna, com a explicação de um verdadeiro mestre. Mostrou-me vários quadros de artistas modernos, entre eles Miró, Kandinsky, Picasso, Braque e dezenas de outros. Citou o ensaio "Do Espiritual na Arte", de 1911, em que o abstracionista Kandinsky tratou a manifestação artística como expressão de uma necessidade interior.
(É isso, pensei comigo, na mosca! É exatamente isso que sinto)!
Mostrou também um quadro todo em azul médio com um único ponto preto. Eu não gostava nem entendia nadinha de Arte Moderna e também não entendi esse. Não compreendia como isso poderia ser arte. Ele me explicou que os artistas modernos procuram passar uma mensagem sintetizando o número de elementos num quadro e que esse artista, colocando um ponto preto num fundo azul, tinha conseguido como ninguém essa sintetização.
— Simplificar. É o que você precisa, é essa palavra que você tem que absorver e trabalhar. Simplificar. Diminuir os elementos.
Eu me rebelava interiormente, como uma criança que não está entendendo um problema mais complexo de matemática. Não estava aceitando, porque não estava compreendendo. Era como ensinar Física Quântica para uma criança de quatro anos. Mas entendi perfeitamente o que Kandinsky pensava. Iria me lembrar! Sentia que estava ficando para trás. Fixada em meus próprios pensamentos e o Helenos já lá na frente.
Muitos anos mais tarde foi que comecei a vislumbrar um nível de compreensão mais maduro e a gostar de muitos artistas Pós-Impressionistas, Modernos e Pós-Modernos, mas o embrião desse entendimento começou ali, com Helenos.
Depois de me "ensinar a ver várias obras", Helenos sugeriu que eu criasse algo. Não tive coragem de confessar a ele que nem sabia por onde começar. Foi o caos. Lápis na mão, fiquei olhando minuto após minuto para a folha em branco, agoniada. Tentava me lembrar das pinturas que acabara de ver, mas elas se misturavam e se afastavam de minha mente em parafuso. O tempo ia passando, inexorável e o papel continuava vazio, o lápis esperando entre meus dedos frouxos, inúteis e inaptos... Nada!... Não “saía” nada! Sentia-me a última das criaturas. Suspirava, sofria e sofria. Helenos só olhava, de vez em quando. Mais uns quinze minutos e ele veio:
— Não está saindo nada? Como você está se sentindo agora?
— Muito mal, como se estivesse encerrada num quarto imenso, de paredes negras muito altas, tudo muito escuro e com uma janelinha minúscula lá em cima, inacessível... Olho para cima, quero subir, mas um peso me prende ao chão...
Ele ouviu atentamente e ordenou:
— Desenhe isso.
Peguei o lápis e fiz o desenho de um quarto escuro, de pé direito altíssimo, paredes se fechando em cima, claustrofóbicas e, junto ao teto negro, uma janelinha, por onde descia um tênue raio de luz. Helenos olhou demoradamente e disse:
— Agora desenhe VOCÊ aí dentro.
Então desenhei um ovo grande, branco, acima do chão, flutuando no ar, tentando subir em direção à luz na janela, trincando-se horizontalmente pelo meio, como um cinto. Algo desconhecido dentro do ovo estava para nascer. E, pousada no piso, caída inerte abaixo do ovo, uma aliança de ouro brilhando.
Helenos ficou olhando algum tempo, sacudiu a cabeça para baixo e para cima, assentindo e vaticinou:
— Mulher parideira... O casamento segura...
Vi imediatamente que ele tinha razão.
— É óbvio que o casamento e os filhos me seguram, puxam-me para baixo! Mas... e daí? Eu QUERO, PRECISO que você me ajude!
— Daí... você vai acabar de criar seus filhos e depois volta...
— Não, Helenos! Eu quero me soltar na arte, agora, mas também não posso nem quero deixar de me dedicar aos filhos. São pequenos...
— Não estou dizendo? Arte e filhos são incompatíveis. Para ser uma artista, você tem de ser egoísta, a arte é escravizadora e não admite dividir com ninguém!
— Mas eu quero tentar!
— Tentar? Vá procurar outro professor que se contente com sua "tentativa", comigo é tudo ou nada!
— Está bem, vou fazer tudo, todo o possível! — prometi inconseqüentemente.
Helenos não respondeu. Não falei mais nada.
A empreitada ia ser mais difícil do que eu imaginava. Mas eu daria um jeito...

sábado, dezembro 22, 2007

A Porta Mágica - 1º Capítulo


— Não se impressionem com o terror da imagem. Foi um sonho que tive, em 1979.
Eu estava já há muitos anos desenhando com bico de pena para uma empresa de propaganda e publicidade que aproveitava muito bem esse meu talento. Mas queria pintar a óleo e pintar algo em um estilo completamente diferente do acadêmico, que nem eu mesma sabia o quê nem como poderia ser.
Sentia que havia algo fervendo em minha cabeça, mas não visualizava. Às vezes sonhava com quadros diferentes, modernosos, mas quando acordava, a visão escapava para uma região de névoa impenetrável.
Nesse ano estava cursando o Alumni e fiz amizade com algumas das outras alunas. Fazíamos encontros de estudo com direito a café, refrigerantes e maravilhosos bolos de chocolate. Hummmm... Que delícia! Estudava-se bastante, mas conversava-se muito também.
Numa desses encontros, num sofisticado apartamento de Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, vi pela primeira vez uns dois ou três quadros de Helenos, pintor sui generis em tudo e por tudo. De estilo próprio, suas figuras humanas eram gordinhas e tinham cabeças arredondadas e geralmente inclinadas para um dos lados, na época. Adorei os quadros que vi lá e perguntei quem era Helenos. A Rosa, nossa anfitriã, respondeu que era um amigo, excelente pintor e pessoa incrível. Perguntei se ele dava aulas. Ela disse que sim, mas que ele era um professor difícil. Saí de lá com endereço e telefone e ao chegar em casa, tratei de marcar aulas com ele.
Antes de mais nada ele perguntou "por quê" eu queria essas aulas. Respondi que era formada em Belas Artes e que desenhava, mas não conseguia pintar e que não gostava do que sabia fazer.
— E porque não gosta? — perguntou.
— Acho que é porque não sei pintar. — respondi — Nunca fico satisfeita com o que desenho e muito menos com minha pintura acadêmica e gostaria de ter um estilo diferente.
— Vou avisando que não dou aulas para “madames”, nem para senhoras aposentadas. Meu tempo é curto e não o desperdiço.
— Como assim? Acho que não entendi.
— Repito que não dou aulas para essas madames que não têm o que fazer ou para as se aposentaram e pensam que pintura é um hobby e me procuram querendo copiar figuras de calendários.
— Não sou "madame" e também ainda não me aposentei... Tenho 36 anos, meu tempo também é curto, pois dou aulas de Educação Artística em Colégio todos os dias e tenho casa, marido e 4 filhos para cuidar.
— Então é do tipo “mulher parideira”... Você não deve ter tempo para se dedicar como deve. Se não tiver esse tempo, nem adianta começar.
Se fosse hoje eu o teria mandado passear, mas naquele tempo eu era mais calminha e acreditava que ele me ensinaria a me libertar, “voar” na pintura. E quanto mais difícil, mais eu quero. Consegui que ele marcasse uma entrevista preliminar. Pediu que levasse alguns desenhos para ele poder avaliar. Só depois marcaria aulas... ou não. Deixou isso bem claro.
Supus (acertadamente) que ele queria avaliar a mim, se eu era daquelas que ele tachou de “madame” que não tem o que fazer ou se era mesmo mulher parideira... Tudo isso foi muito desafiador e eu... sou ariana... Adoro um desafio.
Na manhã marcada, com meus desenhos, cadernos e muita expectativa, encontrei-me no corredor de um prédio com muitos apartamentos pequenos, num prédio feio da Rua Capote Valente.
Toquei a campainha e quase imediatamente Helenos apareceu, um homem baixo, moreno, um tanto atarracado, de olhos pequenos e perscrutadores e barbicha negra. Convidou-me a entrar e crivou-me de perguntas sobre o que eu pretendia e onde queria chegar. Sentia-me escaneada. Viu meus trabalhos e disse friamente que nada tinha para me ensinar em matéria de desenho.
— Tem sim, — respondi — meu desenho é acadêmico e eu NÃO QUERO desenhar assim. Sei que tenho algo aqui dentro que, se saísse, talvez eu pudesse desenhar e pintar coisas diferentes disso que você está vendo. Sei copiar qualquer coisa, sei desenhar retratos, que não passam de cópias do que estou vendo. Sei desenhar qualquer objeto que você quiser, sei que sai igualzinho, mas não sei criar coisa alguma, não sei inventar!
— Mas todos os grandes pintores foram acadêmicos. Picasso foi um bom acadêmico. Dali é um excelente acadêmico. Todos os realmente bons foram acadêmicos.
— Sei disso, mas como se libertaram? Porque eu... não consegui até agora... Sinto que estou presa, amarrada e cega, você me entende? Será que você pode me ajudar?
— Vai depender de você. Apenas de você... Eu jamais ponho um dedo em desenho de aluno.
— Nem eu quero isso! Quero saber se tenho mesmo isso que lhe falei, essa chama, essa força, essa... seja lá o que for... que faz com que o coração bata mais rápido e que os olhos e os dedos saibam o que estão fazendo... Porque eu já senti isso ao ver um artista pintando o retrato de uma amiga minha e a emoção que senti... meu coração disparou... e me vi envolvida por um furacão de sensações, foi algo que não dá para explicar e não dá para esquecer. E depois, uma vontade de pintar... imensa... grandiosa... terrificante...
Pela primeira vez ele sorriu de leve. E pela primeira vez seus olhos se suavizaram um pouco.
— O nome disso é inspiração. Não é fácil. Vem raramente. Todos os artistas sabem disso: 10% de inspiração e 90% de transpiração. Talvez eu aceite você como aluna. Mas isto significa TRABALHO, trabalho duro. E dedicação. Já vi que você não é uma dessas “madames”, mas ainda veremos se também não é uma dessas “mulheres parideiras”... Vamos marcar as aulas. Duas vezes por semana, terças e quintas, às 9h.
Não tive coragem de perguntar o que ele queria dizer com aquilo de parideira. Não importava. Eu tinha conseguido as aulas. Eu sabia, tinha a certeza de que agora, só agora iria começar a crescer.
— E vamos começar pelo desenho. Você vai esquecer tudo o que aprendeu nas Belas Artes. Vai começar do lápis preto, do zero. Vai aprender a criar, com o lápis.
E lá fui eu para casa, antecipando as maravilhas que faria dali a dois dias, como se fosse assim, como se fosse fácil assim...

sexta-feira, dezembro 14, 2007

ARPEJOS E ACORDES


(ou.. SINFONIA SENSUAL)


Imagina...
Que eu sou tua guitarra
E que tiras acordes proibidos
De meus cabelos multicoloridos
Que te atraem e que tu agarras

Imagina...
Que eu sou o derradeiro
Violino Stradivarius, teu inteiro,
Que se abre a teu arco masculino
E te devolve os sons mais celestiais

Imagina...
Que eu sou o teu piano
Que minhas teclas tu acaricias
E eu te dou meu hino mais profano
E meus arpejos sensuais

Imagina...
Que eu sou a tua flauta
E que tua boca é tão incandescente
Que nossa sinfonia é espaçonave
Que viaja... e explode... interminavelmente...



E que tal esta poesiazinha de minha modesta autoria, bem erótica para contrabalançar? O Shiost já a publicou, acho que em setembro de 2006, e garanto que vai chiar... Mas gosto dela, saiu de estalo, como todas daqueles tempos.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

O Natal com a Grande Mãe


Todos os Natais, sem faltar um único, são festejados na casa de minha sogra, D. Zélia.

Lá, renovamos todos os anos a união da família em torno da Matriarca e reencontramos o significado verdadeiro do Natal.
Os filhos e netos vão chegando, abraços e beijos vão sendo dados, sempre é uma alegria e uma festa o encontro. Risadas, conversas paralelas mais sérias ou mais leves, todos vamos pondo em dia as novidades.
Mas, quando o relógio bate as doze badaladas, D. Zélia (91 anos) se levanta com dificuldade da poltrona em que fica quase todo o tempo, pedindo aos filhos e netos que se dêem as mãos fazendo uma grande roda e começa emocionada, a falar do Aniversariante, lembrando a todos que essa data é a comemoração do momento em que Jesus nasceu. Durante alguns minutos discorre sobre o desejo que tem de que jamais nos esqueçamos disso. Em homenagem a Jesus, pede que a acompanhemos em voz alta na oração que Ele ensinou. Sua voz normalmente tranqüila e serena torna-se embargada, plena de sentimento e fé, levando-nos com ela a um plano mais alto e não são poucos os que se sentem tomados pela mesma emoção. Ao terminar, solicita que cada um diga alguma coisa. Já esperamos por esse ritual e, um por um, pedimos a palavra, agradecendo a Deus por alguma graça ou acontecimento importante no ano que está findando e uns aos outros por estarmos juntos. Afirmamos novamente que amamos a todos e que somos felizes por tê-los, mas principalmente que somos afortunados por termos entre nós D. Zélia, nossa Grande Mãe.
Depois que o último abriu sua alma, abraçamo-nos, rimos e choramos nos braços uns dos outros. Sentimo-nos todos, maiores, melhores e renovados.
É o momento mágico na vida da família, é o que torna o nosso Natal realmente maravilhoso.
Só então D. Zélia decreta que "a ceia pode começar!"

Carmem



Infelizmente não tenho nenhuma foto boa da Carmem. Esta não está nada nítida, mas dá para vocês terem uma idéia de minha irmã na sua "melhor idade", segundo sua poesia Adequação...

quarta-feira, dezembro 12, 2007

REBECCA DESEJA A TODOS


UM FELIZ NATAL !!!!



segunda-feira, dezembro 10, 2007

Lançamento do Livro

Estive em Sorocaba, minha terra de nascimento, para o lançamento do livro

2ª Coletânea do Espaço Literário,

de que minha irmã "Carmem Silveira" é co-autora.

Esta é uma das suas poesias, talvez a que mais gosto:


ADEQUAÇÃO

Quero ser quem sou
Caber em mim na justa medida
Pois neste mundo louco
Tudo é o pouco
Que preenche a vida.
Ser vazio de ilusões,
Mas cheio de esperança,
O meu vaso novo.
De boa argila amassada,
Muito bem trabalhada,
Meu coração-criança.
Sonhos, alegria, muita esperança,
Tudo cabe em mim
Como roupa ajustada,
Nova e muito bem talhada,
Colada em minha pele, assim.
Cubro-me de seda tecida,
Visto cores em matizes,
Torno meus dias felizes,
Procuro ajustar mais e mais
Em minha pele, minha roupa.
Isto não é coisa pouca.
O que a vida me trouxe
Em sabedoria, ajustou-se
À minha personalidade.
E, meus amigos, digo sem vaidade,
De verdade mesmo,
Esta é a minha melhor idade.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Rebecca com o vestidinho da Marina



Este vestidinho é herança da prima Marina, quando fez um aninho.
Ainda está meio grande para a Rebequinha, mas ela ficou toda prosa... Tem um aventalzinho de organdi com alças e bolsinhos, bem romântico.
Olhem a carinha mais fofa da Princesinha...
Parece que está gostando do vestido...