Os Alemães
A viagem de Franz Gustav Straube, meu trisavô
A viagem de Franz Gustav Straube, meu trisavô
Estamos no Mês das Bruxas, Vampiros e Lobisomens, Fantasmas e outros.
Em Nova York vi tudo isto pela primeira vez, ao vivo e a cores com as criançãs de lá, super entusiasmadas com as fantasias. Elas levam muito a sério essa história toda e é divertidíssimo!
Copiei ipsis literis para vocês, do English Town:
"Você adora um bom susto? Então o Halloween é o feriado perfeito para você! Esta festa é realizada na América e Europa no dia 31 de Outubro. Você pode participar da diversão aprendendo um pouco da linguagem e dos costumes do Halloween. Essas dicas com certeza vão te deixar de cabelo em pé!
1. A celebração do Halloween vem do All Hallows Day ou All Saints Day, no dia 1º de novembro. Isso era originalmente, um festival pagão dos mortos, mas depois se tornou um feriado para honrar os santos cristãos.
2. O nome Halloween surgiu de uma abreviação de All Hallows Eve (Evening), o dia anterior ao All Hallows Day. Nesta noite, acreditavam que os espíritos dos mortos iriam tentar voltar à vida!
3. Dressing in costume é um dos costumes mais populares no Halloween, especialmente entre crianças. Segundo a tradição, as pessoas iriam dress in costume (se fantasiar, usar roupas especiais ou máscaras) para espantar os espíritos.
4. As fantasias populares do Halloween são vampires(vampiros), ghosts (fantasmas) e werewolves (lobisomens).
5. Trick or Treating é um costume moderno do Halloween onde as crianças vão de casa em casa, fantasiadas, pedindo treats como doces ou brinquedos. Se eles não ganharem treats, eles podem fazer uma trick (travessura ou brincadeira) com os moradores da casa.
6. A tradição do Jack o' Lantern vem de uma lenda sobre um homem chamado Jack que enganou o diabo e teve que andar pela Terra com uma lanterna. O Jack o' lantern é feito colocando-se uma vela dentro de uma abóbora limpa e cortada para que se pareça com um rosto.
7. Há muitas outras superstitions associadas com o Halloween. Uma superstition é uma idéia irracional, como acreditar que o número 13 dá azar!
8. O Halloween é também associado com supernatural creatures como fantasmas e vampiros. Estas criaturas não fazem parte do mundo natural. Elas não existem...ou existem?
9. Witches são personagens muito populares do Halloween que possuem poderes mágicos. Elas geralmente usam um chapéu pontudo e voam em vassouras.
10. Bad omens também fazem parte da celebração do Halloween. Um bad omen é algo que se acredita trazer azar, como gatos pretos, aranhas ou morcegos."
Mais retalhos de uma vida, mais uma colcha costurada com as cores da imaginação.
Hoje dedica-se a escrever e a estudar francês. A poesia que traz no sangue é o caminho de expressão de sua ardente fé. Publicou o livro "Poemas que eu posso rezar", sob o nome de Carmen Silveira. Pertence ao Centro Cultural em Sorocaba e participa do Coral, é ativa, artista e plenamente realizada.
* * *
Uma paixão avassaladora destruiu como um incêndio uma família constituída, separando e machucando seus membros. Mas todos sobreviveram de uma forma ou de outra. O sofrimento de cada um foi superado, deixando um saldo positivo. Temos nossas histórias que só enriqueceram nossos espíritos.
1 - Edna (altruísta, carismática, inteligente, 100 anos na frente de sua época, lutadora e dedicada à família)
2 - Esther (a mais aristocrática e contida, não menos inteligente e temperamento não menos forte)
3 - Leônidas (QI de Gênio)
4 - José (outro Professor Pardal, inventor e construtor de objetos com sucata, além de piadista, engraçadíssimo e gago)
5 - Maria Isabel (Belinha), dona das covinhas mais irresistíveis, herdou o temperamento forte dos S. M.
6 - Maria José (Santa), a melhor professora que já vi.
7 - Isabel (Piquetita, ou Pique), a mais meiga e encantadora, hoje com 81 anos, tem com a filha Marisa e o neto Bebeto, um Atelier de Pintura.
Todos se formaram Professores Primários, mas apenas Edna e os homens seguiram carreira no Magistério. Edna, Inspetora Escolar, tendo substituído o Delegado de Ensino e os irmãos, Leônidas e José, estão aposentados como Diretores Escolares.
Em resposta às suas perguntas:
1 - Você e eu somos primos em 3º. grau, assim como seus irmãos e minhas irmãs.
2 - Anna, minha mãe, é prima da Esther em 1º. grau, portanto sua prima em 2º. grau.
3 - Se nossos avós eram irmãos, meu avô Antônio é seu tio avô e seu avô João é meu tio avô
4 - Meus filhos são seus primos em 4º. grau
5- Seu filhos e meu filhos são primos em 5º. grau
e assim por diante.
Você percebeu como os nomes se repetem em cada família?
Minha avó materna chamava-se Anna e meu avô Antônio deu esse mesmo nome à sua filha, minha mãe, que teria sido a sua predileta. Repetiu também seu nome ao sétimo filho, Antônio.
{Minha avó paterna, casada com Jacynto, chamava-se Júlia. A irmã mais velha de minha mãe também era Júlia.}
Nosso bisavô materno, Guilherme da S. M. teve seu nome repetido no neto, 4º filho de Antônio.
{Meu bisavô paterno, nascido em Dresden (Bavária, leste da Alemanha), tendo chegado a Santa Catarina em 1852 aos 7 anos de idade, chamado Wilhelm Gustav, teve seu nome aportuguesado para Guilherme Gustavo. Era filho de Franz Gustav e Ernesthine Wilhelmine}.
Morro Azul, Julho de 1944
A terceira filha, Mariana, estava com um ano e três meses quando, sem nenhum aviso, Anna apareceu.
Do ponto de vista de Anna, foi uma festa.
Gustavo partiu para o Paraná levando as duas meninas para a casa de meus avós. Dina se lembra do sítio entre as montanhas, das vacas e do cheiro de esterco, do carinho com que foram recebidas e onde ficaram por mais de um ano.
Eu fiquei com Tia Hermínia, que me amou como se fosse sua própria filha e que me fez sentir sempre muito querida e especial.
Ela se preocupava com minha falta de apetite, pois eu estava sempre abaixo do peso, mas acima da altura. Tinha dificuldade para comer e não engordava.
Na clínica, Anna seguia o tratamento.
Nos dias de hoje, ela não precisaria ser internada, pois a Psicologia e a Psiquiatria desenvolveram técnicas, medicamentos e rótulos para a Depressão Pós Parto, stress, TOC, Síndrome do Pânico e um mundo de outros problemas a que as pessoas estão sujeitas. Hoje, ninguém está livre de apresentar alguma dessas coisas e a procura de um profissional ou mesmo de uma clínica de repouso não desdouram ninguém. Todos estamos no mesmo barco.
Mas naquele tempo, ter sido internada era uma barra muito pesada a ser enfrentada. A palavra "louca" entranhava na carne da pessoa assim considerada e uma internação por esse motivo tornava-se como um cartaz na testa da infeliz criatura.
Dois meses se passaram e Anna não recebia nenhuma notícia do marido nem das filhas. Ela começou a se impacientar e a demonstrar novamente nervosismo e irritabilidade. Os médicos aumentaram os medicamentos. Havia também outro problema: Gustavo não aparecia para efetuar os pagamentos. Através daquele médico que indicara a clínica, conseguiram o endereço dos pais de Gustavo e o chamaram para resolver a situação. E, três meses depois de ter entrado, ela saiu, nos braços do marido.
O que se segue, ela me contou quando eu já estava noiva. Disse que ele a abraçou, beijou e que um táxi estava esperando na porta da clínica. Nesse táxi eles seguiram. Ele deitou a cabeça dela em seu ombro e acariciava seus cabelos, falando baixinho em seu ouvido o quanto sentira sua falta, o quanto a amava, que suas filhas estavam esperando por ela, ansiosas e que ele a estava levando para lá.
O coração dela explodia de alegria e antecipação pelo reencontro, perguntava de cada uma das filhas e do bebê que deixara com 15 dias, como estava, como era, se era bonita, se ele tinha alguma foto para ela ver e ele a acalmava, chamando-a de “Meu amor”.
— Tenha calma, querida, meu amor, você está indo para lá, onde elas estão...
Então ela queria saber dele, o que tinha feito esse tempo todo, se a empregada estava dando conta da casa e das meninas, se o consultório ia bem sem ela, se ele estava sobrecarregado de trabalho e ele respondia que tudo ia bem.
Depois de um tempo, quando o táxi parou, ele a soltou. E ela viu que estavam dentro de muros altos e à distância ela via um prédio grande. E que uns funcionários de avental branco se aproximavam.
— O que... o que é isso? — estranhou ela — Onde... onde estão as meninas?
— Aqui é onde você vai ficar... Não posso mais pagar a clínica e os médicos mandaram trazer você para cá...
— Para cá... o que é isto aqui? O que está acontecendo?
— Você precisa entender, tem que aceitar... É o Juqueri...
Ela contou que ao compreender, o choque foi tão violento que ela se comportou como uma verdadeira demente, olhos arregalados e gritando que não era louca, que era perfeitamente normal. Partiu para cima do marido, implorando que não fizesse isso com ela, pelo amor de Deus, você disse que me ama, você me enganou, você me enganou para eu não perceber que estava me trazendo para este lugar, meu Deus, o que você é? E lutava e batia nos enfermeiros que a seguraram e levaram para dentro do prédio onde estavam os médicos, que lhe injetaram alguma coisa muito forte, pois ela perdeu as forças e logo os sentidos.
Acordou no chão de uma cela acolchoada, sem saber quanto tempo se passara, e quando os pensamentos começaram a se focalizar e se lembrou de tudo, ao tentar se levantar percebeu que estava amarrada numa camisa-de-força... "Não, isso não pode estar acontecendo!"
Não conseguia nem gritar. Não tinha forças. Sua voz saía rouca, parecia de outra pessoa. O coração entrou numa dança frenética e ela ficou inundada de suor. A respiração lhe faltou e ela pensou que ia morrer ali mesmo. Até desejou isso. A realidade era por demais cruel.
Ela começou a pensar na viagem de táxi e no marido falando doçuras em seu ouvido e sentiu uma dor tão intensa e dilacerante que parecia impossível de suportar. Não podia pensar, não conseguia acreditar. E começou a chorar, presa e impotente, enganada e desesperada. E então rezou e pediu a Deus que a ajudasse, se é que Ele existia... Logo entraram os enfermeiros e a sedaram novamente.
A dor imensa da perda, insuportável, foi se transformando em ódio, num ódio tão intenso quanto fora seu amor. E isso, por incrível que pareça, foi despertando sua capacidade de pensar. Finalmente soltaram-na, avisando que ao menor sinal de rebeldia ela seria colocada em camisa-de-força novamente. Ela disse a eles que não repetiria o espetáculo, que já estava bem calma. Começou a levar a vida “normal” naquele antro de horrores e ficou sabendo que estava incomunicável.
Começou a pensar que ficaria ali para sempre, se não se comportasse com inteligência. Arquitetou um plano: agiria com tanta segurança e docilidade que não teriam como conservá-la lá. Colaboraria com as enfermeiras e procuraria conversar com os doentes menos graves e até tentaria ajudar em alguma coisa. Tinha de parar de ingerir os remédios fortes para que sua mente se dasanuviasse. Pedia ajuda o tempo todo a um Deus de Misericórdia que devia estar em algum lugar, em algum céu distante. Tinha de sair dali, custasse o que custasse. Pelas filhas e por ela mesma.
E ele... aquele inqualificável... ah, ela o amaldiçoava com toda a força do coração.