domingo, outubro 24, 2010

Pausa para Meditação

Um grande, enorme abraço para você, Timtim...

sexta-feira, outubro 22, 2010

O ASSALTO


Segunda-feira, 20 de Julho de 1.991 - 13:20h
Enquanto eu estava na consulta, quatro rapazes entre 12 e 17 anos pularam o muro de minha casa e entraram pela porta da frente.
Tínhamos estado em Itapê, como já disse antes, para, entre outras coisas, deixar com o Flávio Rubens (o mais velho, 24 anos), um computador para a loja dele. Ainda era uma novidade, daqueles de tela verde, em DOS e ele não sabia mexer.
Quando os assaltantes entraram o Rodrigo estava ao telefone com o Flávio Rubens (em interurbano), ensinando ao irmão como fazer. Minhas filhas estavam na sala de TV e a Cida, empregada, arrumava os quartos lá em cima. Quem viu primeiro a mão armada foi a Cida, do vão da escada, e chamou baixinho as meninas, “Depressa, tem ladrão em casa!!!”. Largaram a TV ligada, correram todas para o meu quarto e trancaram as duas portas. Ninguém se lembrou do Rodrigo, sozinho com o bando...
Lá em baixo, meu filho sofria o comando sussurrado dos ladrões:
─ Desliga aí, meu!
E a arma apontada. Rodrigo, apavorado, tentou desligar, mas o irmão mais velho ficou muito bravo, dizendo que precisava das explicações e que não ia desligar!
─ Desliga aí, meu, senão te apago já! ─ ciciava o ladrão, a arma apertada nas costas do Rodrigo.
─ Flávio, tenho de desligar, tem gente querendo usar o telefone!... Ele tentava passar uma mensagem, mas o Flávio Rubens não entendia...
Nesse ínterim, a Chris, no meu quarto, levantou a extensão e ouviu a discussão, “Flávio, desliga, não desligo” e entrou na conversa, tentando avisar, mas sem dizer muita coisa, com medo que um dos assaltantes pegasse o telefone e ouvisse e acontecesse uma desgraça com o Rodrigo:
─ Flávio, tem gente estranha aqui, vê se faz alguma coisa...
Desta vez, o irmão entendeu e desligou. Mas fez outro interurbano, desta vez para o escritório do pai, que não estava... Mas a secretária recebeu a ligação, em que o Flávio Rubens muito nervoso, dizia que “achava” que estava havendo um assalto na casa do pai e que ela deveria mandar a polícia.
─ Mas você tem certeza?
─ Certeza, não, mas... E contou tudo o que sabia.
A moça chamou a polícia, dizendo que recebera um telefonema do filho do patrão, que morava no interior, (Quem, o patrão? ─ Não, o filho dele...) em esse filho dizia que “achava” que a casa do pai estava sofrendo um assalto naquele momento. Demorou algum tempo até que ela conseguisse contar a história toda e que a polícia compreendesse e decidisse mandar uma viatura para verificar.
Segunda-feira, 20 de Julho de 1.991 - 13:30h
Desligado o telefone, começaram as perguntas dos assaltantes:
─ Onde está o dinheiro?
─ Não temos dinheiro...
─ Queremo dinheiro e as arma! E os dólar!
─ Não temos dólares... Nem arma nenhuma!
─ Ah, não? Então você vai morrê, meu!
E o de doze anos voltou: É isso, então ocê vai morrê, meu! E tem mais gente na casa! Ouvi um barulho lá em cima!
E subiu todo mundo, a arma sempre nas costas do Rodrigo...
Na porta do meu quarto, ao ver que estava fechada, chamaram e bateram.
A Cida e as meninas correram para debaixo da cama. A Cida, muito gorda, não coube...
Mas o Rodrigo pediu para que abrissem, senão iam matá-lo.
E é claro que elas, a Chris chorando, abriram e todos entraram.
E começou tudo de novo: queriam dinheiro, dólares, ou jóias.
─ Minha mãe não usa jóias... Ela só tem bijuterias...
(E é verdade!...)
─ Então ocês tudo tão morto, meu! Nóis vamo matá ocês tudo!
E o de doze anos dizia:
─ Mata mesmo! Mata esse aí, esse branquelo, ele é filhinho de papai!
Chris chorava o tempo todo, sentada na cama, a Alessandra ao lado, protegendo a irmã. E o mais velho deles dizia:
 ─ Não chore! Nós não vamo machucá voceis, é só entregá a arma...
E Alessandra respondeu:
─ Mas nós não temos nenhuma arma, meu pai nem sabe atirar!
E o ladrão:
─ Atirá é fácil! Qué vê? ─ E abriu o tambor do revólver despejando as balas na mão, dizendo que faltava uma porque apagara alguém na véspera. Colocou as balas restantes de novo no tambor, engatilhou e
apontou para a cabeça da Alessandra...

O Grande Susto

Segunda-feira, 20 de Julho de 1.991 - 12:20h
Saí para uma consulta médica, marcada para as 13h.
Em seguida passaria por um shopping para comprar uma lembrança para a nossa prima, que nos esperava a todos em sua fazenda, no dia seguinte. Uma longa jornada para o oeste do estado, umas sete horas, com as paradas técnicas. Deveríamos sair pela manhã. Malas prontas, todos empolgados.
Os três filhos solteiros ( Alê, Rodrigo e Chris) ansiavam pelas férias no campo, depois de meio ano de vida corrida em Sampa e principalmente por causa da cena melodramática da véspera, que cansara a todos. Flávio (24), casado e pai, morando em Itapê, não iria desta vez.

13:15h
Ignorando o futuro, eu estava em plena consulta. Lembro-me de que era com meu dermatologista.
De lá fui comprar o presente da prima e foi demorado para escolher, porque ela é pessoa que tem tudo o que o dinheiro pode comprar.
Não contente com as escolhas, resolvi procurar no Shopping Iguatemi, demorando mais um pouco. Enfim, lá pelas cinco da tarde, fui para casa...
Entrando pela minha rua, vi um aglomerado de gente, verdadeira multidão, mais alguns carros de polícia e um camburão.
À medida em que ia subindo os poucos metros até minha casa, lembro-me de que ia pensando comigo mesma: “Nossa!... Quê que é isso! Parece uma passeata de Sete de Setembro... Mas... quanta polícia! Nossa! Meu Deus! Será que assaltaram a casa da Sônia?!
Mas então notei que a multidão voltava os olhos para a minha casa! Fui chegando, parei o carro e perguntei ao policial do camburão (notei só então que era o IML!) o que estava acontecendo e ele me respondeu que houvera uma “tentativa de assalto nessa casa aí” – exatamente a minha!
Nesse momento comecei sentir uma tontura, e as coisas foram perdendo imagens e sons, mas de dentro da névoa silenciosa em que me encontrava ainda arranjei forças para perguntar ao motorista do IML o que estava fazendo ali e me respondeu que estavam buscando “os corpos”.
─ CORPOS??? QUE CORPOS??? ─ perguntei quase desmaiando.
─ Dos assaltantes ─ respondeu.
─ Ah, coitados! ─ disse eu horrorizada ─ Mas como...?
Meu braço foi violentamente puxado pelo Nelson. Só então comecei a ouvir os gritos e vi o Rodrigo, a Chris e a Alessandra que me chamavam desesperados:
─ Saia daí, mãe! Saia daí!
E o Nelson: Vamos prá lá! O menino estava olhando com muito ódio pra você!
─ Que menino?
─ O assaltante! Estava na viatura policial e era o pior deles!
A Sônia veio e me convidou para ir até a casa dela e lá fiquei sabendo de tudo que acontecera. E é o que vou contar a vocês:

Aconteceu em São Paulo - O Presságio


Domingo, 19 de Julho de 1991 - 22h
Naquela noite deixamos a casa de minha sogra, Nelson e eu, Alessandra (22 anos) Rodrigo (17) e Christina (16), sem termos sequer percebido o drama que se desenrolava no coração da filha mais velha.
A viagem para São Paulo foi diferente do habitual, pois Alê estava estranhamente quieta. Pensávamos que dormia, como os outros dois, mas chorava desolada e silenciosamente. Ficara sabendo nos últimos instantes que seu namorado estava em Itapê, sabia que ela também estava na cidade e não a procurara! Não era a primeira vez que ele aprontava alguma, mas desta vez ela começava a ter de encarar que o término se avizinhava. Sempre fora apaixonada por ele, desde os dezessete anos. Nessa noite, finalmente, havia caído a ficha. Primeiro chorara inconsolável, depois já no fim da viagem, uma revolta oriunda da grande mágoa que despedaçava seu coração começara a transformar a dor em fúria silenciosa, num crescendo. De repente, esse sentimento foi mais forte e, ao chegar à nossa casa, antes mesmo de sair do carro, ela anunciou intempestivamente que iria arrumar-se e sairia sozinha para uma balada, onde pretendia encontrar alguém, "qualquer um", "o primeiro que aparecesse"!
Você bem pode imaginar o susto que levamos!
Minha reação foi pronta e cortante:
─ Ah, não vai! Mas não mesmo! Minha nuca eriçava-se de horror.
Ela virou-se contra mim, enlouquecida de dor, enfrentando-me com todas as forças:
─ EU VOU SIM!! Mamãe! Tenho vinte e dois anos, se você ainda não percebeu! Sou maior de idade, formada e você não pode me impedir! PRECISO fazer isso, não vou aguentar se não fizer! Preciso me vingar dele!!! Vou MORRER se você não me deixar ir!
─ Não, filha! Não posso e não vou deixar você ir!
Descemos do carro, todos atônitos com a cena. Meu coração, disparado de aflição, invocava argumentos mais fortes e definitivos. Só podia pensar e sentir que, custasse o que custasse, ela não deveria entregar-se sozinha ao desespero. Urgia que eu conseguisse impedi-la. Ninguém falava nada, todos pareciam paralisados.
─ Só se a Chris e eu formos com você!
─ Mãe, nunca!!! Isso não é coisa para levar a mãe!!!
Foi então que uma cena desenhou-se ante meus olhos: uma mão escura empunhando um revólver na altura da cabeça dela. Essa cena até hoje está nítida em minha memória. E eu disse isso a ela e a todos:
─ Alessandra, você não vai! Estou VENDO você ser assaltada à mão armada, num semáforo! (A cena eu vi, mas esta interpretação sobre o semáforo foi daquelas coisas que o lado esquerdo do nosso cérebro tenta compreender...).
A Christina nesse instante recobrou-se e colocou as duas mãos nos ombros da irmã e, muito assustada,falou fortemente:
─ Alê, você NÃO VAI SAIR,de jeito nenhum! Você sabe que a mamãe vê essas coisas! Nós todos sabemos disso e se ela disse que viu uma arma na sua cabeça, é porque viu mesmo! Eu acredito e não vou deixar você sair! Nem comigo e com a mamãe, nem com papai, nem com ninguém!
Por falar nisso, o papai estava mudo e o Rodrigo também...
A Alessandra entrou em casa chorando e gritando que ninguém iria conseguir convencê-la. Chris, atrás, gritando feroz, "só passando por cima do meu cadáver!" Eu atrás, um pouco menos preocupada agora que contava com a ajuda da Chris. A discussão "Vou!", "Não vai!" e mil argumentos de todos os lados durou bem algumas horas, até que finalmente, às duas e meia da madrugada a Alê voltou a si e agradeceu à Chris e a mim por temos conseguido segurá-la. Abraços e beijos e algumas lágrimas mais e tudo voltou ao normal.
Exaustas fomos dormir. A cena vista em minha cabeça da mão negra segurando a arma esvaiu-se completamente e todos esquecemos dela...


Mas estávamos enganados... No dia seguinte...

sexta-feira, outubro 15, 2010

Resposta do Teclado

Ass. -  O Teclado Apaixonado


Gosto do toque dos seus dedos, quando estão macios e cheios de ternura... Mas, às vezes, provoco um pouquinho você... e falho em algumas teclas, de propósito, para sentir você mais perto, mais viva, nem que seja mais irritada, só para chamar sua atenção... Só então você me olha com outros olhos, me examina, me troca as pilhas, me acaricia de uma maneira mais intensa.
Não me queira mal por isso... e por favor, não me troque... apenas me toque!... eu te amo... E me sinto quase humano... 

Assinado: Teclado Apaixonado.

Sou Feliz, Amigos!

 Festa à fantasia Chris, Rodrigo e Alessandra

Meus queridos, sou feliz, muito mesmo!
E como não ser, se tenho amigos como vocês, que sentem minha falta aqui, que me cobram notícias por e-mail ou telefone e até se preocupam com minha saúde e possível depressão?...
Depressão?! Deus me livre!!! "Tô fora!", como diz o Timtim!
Como poderia ficar deprimida uma pessoa com tantos dons e benefícios, tanto fundamentais como os supérfluos? 
Como ficar deprimida uma criatura que tem saúde bastante em todos os "sentidos" (sentidos mesmo: oftálmicos, otorrinolaríngeos, palatáveis e táteis...) e além disso é capaz de pensar, jogar xadrez, raciocinar, brincar, jogar joguinhos no computador, escrever e fazer algum tipo de arte, até pintar o Sete se der vontade (rsrsrs)? 
Como poderia eu deixar-me cair num abismo interno e profundo com todas as mordomias de ter uma casa própria, carro, comida na mesa e roupa lavada e cheirosa, quando tantos aqui mesmo nesta nossa cidade moram pelas ruas ou em caixas de papelão debaixo de pontes e viadutos? E meu cachorro, então, que pensa que é um gatinho e ronrona, mesmo sendo um enorme Rottweiler?
Como poderia deixar de agradecer diariamente ao Infinito por ter tudo isso e muito mais?
Como poderia não ser feliz apenas por ter acesso à Internet em meu glorioso computador (embora tenha recentemente brigado com meu amado Teclado Sem Fio e até ameaçado de trocá-lo por um novo, o que parece que deu certo)... 
Como poderia ser infeliz uma pessoa que sabe "conversar com seu teclado" (!?!) e também com seu carro, agradecendo a eles por servirem-na tão bem? Acham que sou meio maluquete, ou louca de pedra, daquelas de internar?! Cada vez que vou trocar um carro ou um computador, ou doar alguma coisa qualquer, agradeço antes a esse objeto de uso, que foi tão querido pelo tempo em que me serviu, desejando que o próximo dono o trate bem e que o ame tanto quanto eu.
Mas sou assim mesmo... Agradeço a Ele por tudo o que sou e tudo o que tenho, considerando tudo como dons e presentes, não necessariamente merecidos (não é primacaçula?), mas por isso mesmo não  menos apreciados. Obrigada, meu Pai, Irmão, Amigo, meu Deus. 
E assim, sou feliz .
E, ainda por cima, também senti demais a falta de vocês!
E voltei!

quarta-feira, outubro 13, 2010

!@#$%¨&*


Mas... outra vez? Isso está ficando frustrante demais! 
Conto com você e me abandona desse jeito? Não estou entendendo! Por quê isso agora?
—  -o-ê  -ão  -o--a  -ai-  -e  -i-?... (tradução: - Você não gosta mais de mim?...)
Não é que eu não goste mais de você. Você significa muito prá mim... ou significava... você era meu chão, a minha praia, o meu lazer, o meu encanto...
—  Ão  -i-a  i--o... (tradução: —  Não diga  isso...)
Mas estou muito aborrecida. Chateada mesmo! Você está me falhando muito! O Enter não entra, o Delete não deleta, o Tab não tabula, o Caps Lock não locka, nem o Shift shifta, nem o Ctrl controla... As setinhas não andam e o Backspace não becka... Fora o Space que não espaça coisa nenhuma! Você não quer escrever os sinais, não quer escrever as consoantes, só as vogais?! Isso é o final! Como posso escrever o que quer que seja sem as consoantes? O que você tem contra todas elas? 
—  -a-a... -i--o -ui-o, -a-  -o--o  -o-  -o--... (tradução: - Nada... Sinto muito, mas gosto dos sons...)
Ah... Você gosta dos sons... 
Ser deixada assim, na mão, reiteradamente? Ah, não! Mas não mesmo! Vou trocar você por outro agora mesmo! Vou até a loja de informática, ali na esquina e VOU COMPRAR OUTRO IGUALZINHO A VOCÊ, mas que funcione! Que goste dos sons das consoantes também!
— - Ão!!!  -o-  -a-o- !!! -Ão  -a-a  i-- o!!! (tradução: - Não!!! Por favor!!! Não faça isso!!!) 
Ah, mas vou fazer sim! Já, já! 
—  Ão!!! Não!... por favor! Eu me comporto!... Vou parar... Me dê uma chance...
??? !!! 
Ah!... Agora sim! Parece que voltou a funcionar!
Mas será que poderei confiar em você novamente? E se lhe der a louca de novo? Troco você no ato! Está avisado!
Pode ficar tranquila... Não vai acontecer. 
Sei não! De repente... Mas vem cá, que loucura foi essa de discriminar assim as pobres consoantes? Não percebe que não podemos falar sem elas? Que ninguém entenderia as palavras sem elas? 
— Tudo bem, não vamos discutir mais. Mas... você já pensou na inutilidade total das consoantes em matéria de sons puros? São apenas LETRAS, não sons... Tente pronunciar a letra C sozinha. Viu?  Agora tente o L... viu?  E o B, o P? Tá vendo? Linguagem de peixe... E o R? Não parece um rosnado assustador? E o D, o T? Vai tentando cada uma. O S? Tá bem, tá bem, concordo que o S dá , mas é linguagem de serpente... 
Contra a minha vontade, dou-lhe um pouco de razão. Mas o que é sso? Aulinha de português para crianças? 
— E você se lembra que tenho apenas cinco anos? 
Tá bom, criança, me deixa trabalhar...
 

Idade da Reflexão - André fará 1 ano em 5 de novembro

 Nossa! Tenho quase um ano já!
Mas... pensando bem... Ainda sou jovem!!!