quinta-feira, maio 29, 2008


Rebecca já escorrega sozinha.

Aliás, já faz quase tudo sozinha.

É muito independente e realmente sabe o que quer e não gosta muito quando precisa ser contrariada, como toda princesa...

domingo, maio 25, 2008


A Princesinha
1 ano e 4 meses
Parece que ainda não se acostumou com as
presilhas no cabelo...

quarta-feira, maio 14, 2008

Elizabeth...

Cada vez que leio ou escuto esse nome, levanta-se algo indefinível numa região muito antiga de minha mente.

Por que Elisabeth? Nem gosto tanto assim do nome... Prefiro Rebecca ou Raquel, ou Lizbeth, ou Maria Eugênia.

Mas é Elizabeth que está lá, no fundo de uma memória fechada, misteriosa e intrigante.

Elizabeth... Elizabeth... Elizabeth...


Sonhei que estava num campo ondulado, muito verde, muito bonito. Eu corria, descendo os morros e subia novamente, até que encontrei uma árvore muito alta e de tronco largo e rugoso.

Era tão antiga e tão venerável que me pus a olhá-la em todos os seus detalhes. A copa era frondosa, mas seus galhos ficavam altos demais e, naquele momento, não faziam sombra.

Examinei cada centímetro para tentar entender de onde vinha a extraordinária atração que a árvore exercia sobre mim. Acabei descobrindo num ponto um pouco acima de minha cabeça, um nome gravado. Estava quase apagado, desfeito pelo tempo... Quanto tempo? Séculos talvez...


ELIZABETH


A escrita, apesar de esmaecida, era caprichada, numa letra antiquada. Comecei a divagar. Vi a mão que escrevia, vi o rosto jovem, cujas sobrancelhas se uniam no esforço de talhar o tronco endurecido. Vi quando ele suspirava, abrandava a expressão para voltar o rosto agora sorridente para a mocinha que acompanhava atenta a gravação.

Ela era quase uma menina, uns treze anos e usava um vestido azul claro, longo e rodado. Fazia calor, ela estava afogueada e gotículas porejavam delicadamente seu lábio superior. Ela segurava um leque e um lencinho de rendas. Disfarçadamente enxugava o rosto e o pescoço, enquanto o rapaz gravava seu nome no tronco da velha árvore. Mas assim que ele se voltava e sorria para ela, o leque se agitava, como as asas de uma borboleta.

Dei uma olhada na figura do rapaz. Teria uns dezessete anos e vestia-se como um pajem. Trazia os cabelos compridos amarrados por uma fina fita preta, que terminava em um laço discreto. As roupas eram de qualidade.

Os dois deviam pertencer às grandes famílias nobres. E estavam apaixonados. E eu, invisível para eles, podia observá-los muito bem.

O punhal afiado cortava e cortava, delineando as cinco primeiras letras. O trabalho era cuidadoso e persistente. A cada letra pronta ele olhava para ela e sorria.

Os olhos dela, muito vivos, eram azul-violeta e os cabelos de um castanho quente, presos em cachos meio soltos, por uma fita de cetim azul, no mesmo tom do vestido. Notava-se que tinha corrido pelos campos.

Finalmente o rapaz terminou sua obra e fez uma reverência para a menina, que olhou longamente para o nome esculpido e soltou um longo suspiro. Sorria e seus dentes muito brancos contrastavam com suas faces coradas. Linda essa menina, pensei.

Ela voltou-se para ele e fez por sua vez um gracioso meneio de cabeça e, de repente, agarrou as saias e correu. Ele a imitou e continuei por algum tempo a ouvir suas risadas que iam pouco a pouco se apagando.

Juventude, pensei. Que bonito!

Olhei para o nome escrito no tronco e me dei conta de que ele ia esmaecendo e quase desaparecendo.

Um estranho sentimento me invadiu, assim como uma nostalgia. E acordei. O sentimento perdurou, como quando perdemos alguma coisa muito preciosa e rara.

segunda-feira, maio 12, 2008

Quem conhece Guerra Junqueiro?

Este poema dele é sobre um Cão com C maiúsculo, como todos os cães de alma pura.
Chamava-se Fiel, como os todos os Cães o são.


FIEL
(Um poema de Guerra Junqueiro. Conto poético. Reflexão).

Na luz do seu olhar tão lânguido, tão doce,
Havia o que quer que fosse
D’um íntimo desgosto :
Era um cão ordinário, um pobre cão vadio
Que não tinha coleira e não pagava imposto.
Acostumado ao vento e acostumado ao frio,
Percorria de noite os bairros da miséria
À busca dum jantar.
E ao ver surgir da lua a palidez etérea,
O velho cão uivava uma canção funérea,
Triste como a tristeza oceânica do mar.
Quando a chuva era grande e o frio inclemente,
Ele ia-se abrigar às vezes nos portais ;
E mandando-o partir, partia humildemente,
Com a resignação nos olhos virginais.
Era tranquilo e bom como as pombinhas mansas ;
Nunca ladrou dum pobre à capa esfarrapada :
E, como não mordia as tímidas crianças,
As crianças então corriam-no a pedrada.

Uma vez casualmente, um mísero pintor
Um boêmio, um sonhador,
Encontrara na rua o solitário cão ;
O artista era uma alma heróica e desgraçada,
Vivendo numa escura e pobre água furtada,
Onde sobrava o gênio e onde faltava o pão.
Era desses que têm o rubro amor da glória,
O grande amor fatal,
Que umas vezes conduz às pompas da vitória,
E que outras vezes leva ao quarto do hospital.

E ao ver por sobre o lodo o magro cão plebeu,
Disse-lhe : - "O teu destino é quase igual ao meu :
Eu sou como tu és, um proletário roto,
Sem família, sem mãe, sem casa, sem abrigo ;
E quem sabe se em ti, ó velho cão de esgoto,
Eu não irei achar o meu primeiro amigo !..."

No céu azul brilhava a lua etérea e calma ;
E do rafeiro vil no misterioso olhar
Via-se o desespero e ânsia d’uma alma,
Que está encarcerada, e sem poder falar.
O artista soube ler naquele olhar em brasa
A eloqüente mudez dum grande coração ;
E disse-lhe : - "Fiel, partamos para casa :
Tu és o meu amigo, e eu sou o teu irmão. -"

E viveram depois assim por longos anos,
Companheiros leais, heróicos puritanos,
Dividindo igualmente as privações e as dores.
Quando o artista infeliz, exausto e miserável,
Sentia esmorecer o génio inquebrantável
Dos fortes lutadores ;
Quando até lhe acudiu às vezes a lembrança
Partir com uma bala a derradeira esp’rança,
Pôr um ponto final no seu destino atroz ;
Nesse instante do cão os olhos bons, serenos,
Murmura-lhe : - Eu sofro, e a gente sofre menos,
Quando se vê sofrer também alguém por nós.

Mas um dia a Fortuna, a deusa milionária,
Entrou-lhe pelo quarto, e disse alegremente :
"Um génio como tu, vivendo como um pária,
Agrilhoado da fome à lúgubre corrente !
Eu devia fazer-te há muito esta surpresa,
Eu devia ter vindo aqui p’ra te buscar ;
Mas moravas tão alto ! E digo-o com franqueza
Custava-me subir até ao sexto andar.
Acompanha-me ; a glória há de ajoelhar-te aos pés !..."
E foi ; e ao outro dia as bocas das Frinés
Abriram para ele um riso encantador ;
A glória deslumbrante iluminou-lhe a vida
Como bela alvorada esplêndida, nascida
A toques de clarim e a rufos de tambor !

Era feliz. O cão
Dormia na alcatifa à borda do seu leito,
E logo de manhã vinha beijar-lhe a mão,
Ganindo com um ar alegre e satisfeito.
Mas aí ! O dono ingrato, o ingrato companheiro,
Mergulhado em paixões, em gozos, em delícias,
Já pouco tolerava as festivas carícias
Do seu leal rafeiro.

Passou-se mais um tempo ; o cão, o desgraçado,
Já velho e no abandono,
Muitas vezes se viu batido e castigado
Pela simples razão de acompanhar seu dono.
Como andava nojento e lhe caíra o pelo,
Por fim o dono até sentia nojo ao vê-lo,
E mandava fechar-lhe a porta do salão.
Meteram-no depois num frio quarto escuro,
E davam-lhe a jantar um osso branco e duro,
Cuja carne servira aos dentes d’outro cão.

E ele era como um roto, ignóbil assassino,
Condenado à enxovia, aos ferros, às galés :
Se se punha a ganir, chorando o seu destino,
Os criados brutais davam-lhe pontapés.
Corroera-lhe o corpo a negra lepra infame.
Quando exibia ao sol as podridões obscenas,
Poisava-lhe no dorso o causticante enxame
Das moscas das gangrenas.

Até que um dia, enfim, sentindo-se morrer,
Disse "Não morrerei ainda sem o ver ;
A seus pés quero dar meu último gemido..."
Meteu-se-lhe no quarto, assim como um bandido.
E o artista ao entrar viu o rafeiro imundo,
E bradou com violência :
"Ainda por aqui o sórdido animal !
É preciso acabar com tanta impertinência,
Que esta besta está podre, e vai cheirando mal !"
E, pousando-lhe a mão cariciosamente,
Disse-lhe com um ar de muito bom amigo :
"Ó meu pobre Fiel, tão velho e tão doente,
Ainda que te custe anda daí comigo."

E partiram os dois. Tudo estava deserto.
A noite era sombria ; o cais ficava perto ;
E o velho condenado, o pobre lazarento,
Cheio de imensas mágoas
Sentiu junto de si um pressentimento
O fundo soluçar monótono das águas.

Compreendeu enfim! Tinha chegado à beira
Da corrente. E o pintor,
Agarrando uma pedra atou-lh’a na coleira,
Friamente cantando uma canção d’amor.

E o rafeiro sublime, impassível, sereno,
Lançava o grande olhar às negras trevas mudas
Com aquela amargura ideal do Nazareno
Recebendo na face o ósculo de Judas.
Dizia para si : "È o mesmo, pouco importa.
Cumprir o seu desejo é esse o meu dever :
Foi ele que me abriu um dia a sua porta :
Morrerei, se lhe dou com isso algum prazer."

Depois, subitamente
O artista arremessou o cão na água fria.
E ao dar-lhe o pontapé caiu-lhe na corrente
O gorro que trazia
Era uma saudosa, adorada lembrança
Outrora concedida
Pela mais caprichosa e mais gentil criança,
Que amara, como se ama uma só vez na vida.

E ao recolher à casa ele exclamava irado :
"E por causa do cão perdi o meu tesouro !
Andava bem melhor se o tinha envenenado !
Maldito seja o cão! Dava montanhas d’oiro,
Dava a riqueza, a glória, a existência, o futuro,
Para tornar a ver o precioso objecto,
Doce recordação daquele amor tão puro."
E deitou-se nervoso, alucinado, inquieto.
Não podia dormir.
Até nascer da manhã o vivido clarão,
Sentiu bater à porta ! Ergueu-se e foi abrir.
Recuou cheio de espanto : era o Fiel, o cão,
Que voltava arquejante, exânime, encharcado,
A tremer e a uivar no último estertor,
Caindo-lhe da boca, ao tombar fulminado,
O gorro do pintor !

domingo, maio 04, 2008

Obrigada, Fernando C. Straube!

Que coisa ótima receber este comentário de um primo que não conheço ainda!
Apresento-o a vocês, meus leitores da Praça de Blogs.

É Fernando Costa Straube, filho do Ernani Costa Straube, o autor do livro "Guido Straube - Perfil de um professor", de onde tirei as informações primeiras sobre nossos antepassados alemães. Meu erro foi corrigido aqui, por ele.

Obrigada, Fernando. Gostaria de conhecer mais detalhes sobre o resto da família.

Anonymous said...

Corrigindo o escrito pela prima Nice: "Quando Franz Gustav chegou, ou quando se naturalizou, escreveram seu sobrenome com e final e assim ficou uma parte da família".

Isso não está certo. Franz Gustav Straube [ou apenas Gustav Straube, como ele preferia] tinha o E final em seu nome, com toda a certeza.

Prova-se isso lendo suas publicações, sobre borboletas, datadas da década de 50 do Século 19. Lá está claramente: "Gustav Straube, Dresden".

É possível que muitos Straub, Strauss, Strump e vários outros tenham a mesma origem. Mas o nome alemão autêntico, que chegou ao Brasil por meio de Franz é STRAUBE.

Um abraço, Fernando C. Straube [filho do Ernani].

2/5/08 2:34 PM

sexta-feira, maio 02, 2008

Serviced Apartments

Rebecca trabalhando