Paris!
Quinta-feira, 12 de Setembro de 1991
28 Avenue Corentin Cariou, 75019 Paris, França
Chegamos a esta belezinha de hotel (3 estrelas), num táxi por nossa conta, pois não estamos ainda ligados ao grupo da excursão. Subimos para o quarto, entramos num banho para revigorar as forças, pusemos uma roupa mais elegante e saímos para comer alguma coisa ali em frente. Mas antes passamos pela recepção para perguntar sobre um restaurante, isto é, o Nelson pretendia fazer isso em francês.
Acho que foi a beleza da recepcionista, jovem e loura de olhos azuis, que o perturbou e o fez esquecer o que vinha estudando há meses, pois de repente deu um branco e ele hesitou e titubeou, e muito chateado resolveu dizer que não falava francês, mas o que saiu de sua boca e o deixou perplexo e horrorizado, em vez de "Je ne parle pas français" (eu não falo francês), foi: "Je ne parle pas François"... (Eu não falo Francisco...).
A moça arregalou os lindos olhos e depois de alguns segundos, não pode mais se conter e caiu na risada. E ainda por cima replicou: "Moi aussi"! (Eu também não!) E não parou mais de rir...
O Nelson ficou muito vermelho e envergonhado com esse lapso, essa traição da própria língua.
Mas acabou conseguindo a informação em inglês mesmo. A moça disse que por ali na frente havia alguma escolha.
Andamos pela rua do hotel, na outra calçada, a Avenida nesta hora sem movimento, meus pés inchados não diminuíram em nada a magia de estar em Paris. Eu nem consigo acreditar!
Depois de dar uma olhada em todos, resolvemos entrar num restaurante bonitinho, mas de péssima comida. Na volta para o hotel passamos por duas casas de verduras e frutas, muito diferentes das quitandas brasileiras. As frutas são bonitas, os tomates lindos e as alcachofras são pequenas e totalmente diferentes das nossas.
Já no hotel, o Nelson tomou um Cointreau e eu uma taça de vinho branco Sancerre.
Em seguida, dormimos até às 8 da manhã, quando tocou o telefone-despertador. Camas deliciosas, lençóis brancos e macios, cheirinho de limpeza.
Sexta-feira, 13/09/1991
Paris
Café da manhã no hotel. Dia livre para atividades pessoais. Sugerimos visita opcional ao Palácio de Versalhes.
Café da manhã no hotel. Dia livre para atividades pessoais. Sugerimos visita opcional ao Palácio de Versalhes.
Amanheceu friozinho.
Agora, depois do café da manhã, conversamos com um casal brasileiro, Neuza e Antenor, que nos entusiasmaram a visitar a Galeria Lafayette. Eu não tinha a menor vontade de ir, coisa de turista brasileiro... e pensei que o Nelson também não, mas ele disse que seria até uma boa ideia, pois está precisando de um tênis confortável. Tomamos o metrô ali perto e chegamos .
Meu Deus, eu não tinha a menor ideia da beleza daquilo! A palavra é espetacular!
O domo é de perder o fôlego. O prédio todo é de uma riqueza de detalhes, delicadeza e bom gosto que só se vê na Art Nouveau. Toda arredondada, toda feminina. Não há como não gostar, não há como não admirar e ficar imaginando como foi construída.
Entramos em pleno lançamento de um perfume de Givenchy, o "Amarige", que o Nelson adorou e queria me presentear, mas eu não gostei... Não gostei do Amarige, ora! Para mim, não. E não permiti que ele comprasse, tadinho, ficou inconformado...
Andamos por tudo, vimos tudo (e tudo muito caro, pois todas as grifes famosas estão ali). Não tive coragem de comprar nada, nem um lenço de seda... E o perfume vai ficar para o final da viagem. Também não encontramos tênis para o Nelson, nem para os filhos.
Saimos de lá quase às 15h... Para quem não queria ir... Cansados e famintos, fomos comer numa brasserie, ele um sanduíche e eu uma omelete de queijo e presunto, que estava muito boa. Afinal, omelete é prato francês... Gastamos 91 francos, 100 com a gorjeta US$ 17,00 ou ± Cr 8.700,00 (Cruzeiros). Dá para comer razoavelmente aqui, sem gastar muito.
Em seguida fomos a pé até o Louvre, passando pela Ópera que é outra beleza de arquitetura. No caminho, pela Avenue de l'Opera, passamos por lojas charmosas com roupas lindas ... e haja pés!
Opera de Paris ao fundo
Chegamos cansadíssimos ao Louvre, debaixo do maior sol e tarde demais para ver muita coisa. Ai, que saudade do meu tênis velhinho e gostoso... Tive absoluta necessidade de descansar ao pé da estátua do Luís XIV, tanta que até cochilei um pouquinho.
Amei o Louvre, desde que o vi pela primeira vez. Sua estrutura é magnífica, mas não consigo enquadrá-la em este ou aquele estilo, pois o Palácio foi reconstruído muitas vezes, por muitos arquitetos.
O prédio do Louvre está sendo restaurado externamente e está todo coberto com tecidos e andaimes de ferro, que pena, mas o que dá para ver, inclusive as poucas partes já restauradas e limpas, é pura maravilha! As famosas pirâmides causam um certo impacto, parece que não combinam com o resto, mas cobrem tanto o espaço e a parte nova abaixo delas, como também as escadas rolantes que descem para o Museu.
(cont.)